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Mariah Carey no Mundo do Grunge: Uma Jogada que …

Quem ouve Mariah Carey pode associá-la a vários conceitos: natal, técnicas vocais impressionantes, whistle, música pop, R & B e soul… a carreira emblemática da cantora que já atua há três décadas possibilita que haja uma gama de temas que possam ser relacionados a ela.

Porém, talvez nem os maiores fãs de Mimi pensariam nela como uma produtora de grunge. O subgênero do rock alternativo, que tem como exemplos Pearl Jam e Nirvana, não poderia ser mais distante da cantora. Porém, esse pensamento está errado, e o projeto ganhou até nome: “Chick”.

“Eu estava explorando meu alcance musical, mas também estava cheia de raiva”, ela escreveu em “The Meaning of Mariah Carey”, seu livro de memórias lançado em 2020. “Sempre foi um desafio para mim reconhecer e expressar raiva. Minha vida pessoal estava sufocando durante o Daydream, e eu precisava desesperadamente de liberação”, confessa a cantora.

Fun fact: I did an alternative album while I was making Daydream ???? Just for laughs, but it got me through some dark days. Here’s a little of what I wrote about it in #TheMeaningOfMariahCarey ???? S/O to my friend Clarissa who performs the lead w/ me as a hidden layer #Chick #TMOMC pic.twitter.com/Re23t5whcd

— Mariah Carey (@MariahCarey) September 27, 2020

Em 1995, quando gravava o álbum Daydream, seu quinto álbum de estúdio, Mariah estava em uma fase complicada. Ela não sentia que a gravadora Sony Music atribuía-lhe autonomia artística suficiente e seu casamento com Tommy Mottola – o então CEO da gravadora – estava passando por um momento difícil e, por isso, ela se sentia sufocada.

“Eu estava brincando com o estilo das cantoras brancas breezy-grunge, punk-light que eram populares na época. Você sabe, aquelas que pareciam tão despreocupadas com seus sentimentos e sua imagem”, disse Mariah.

Nesses momentos, a música pode servir como uma válvula de escape perfeita, principalmente o rock, com suas propriedades de libertação. Então, durante a produção do álbum, ela e sua equipe decidiram desestressar, envolvendo-se em um projeto diferente. A cantora criou uma persona alternativa, baseada no estilo grunge e na influência de David Bowie. Essa nova identidade teria cabelos pretos, um visual gótico e se dedicaria a compor músicas absurdas com letras angustiadas. Isso era, de fato, uma paródia. Mariah compartilhou sua lógica por trás dessa concepção:

“Rock alternativo era um gênero tão popular na época, então pensei: ‘Bem, temos uma banda completa aqui, vamos só fazer algo e eu invento alguma besteira pra cantar’.”

Imagem de conteúdo da notícia "Mariah Carey no Mundo do Grunge: Uma Jogada que Quase Custou Caro" #1

Toque para aumentar

O produtor de longa data de Carey, Dana Jon Chappelle, confirmou a história da cantora para a revista Rolling Stone. Embora não recordasse exatamente quando Carey apresentou a proposta à equipe do Daydream, ele descreveu uma experiência divertida e improvisada. Às vezes, por volta da meia-noite, a direção musical mudava, e todos os participantes se uniam à banda de rock formada de maneira espontânea por Carey: Gary Cirimelli no violão, o produtor e compositor Walter Afanasieff nos instrumentos de percussão e teclado, e um dos gerentes da artista no baixo.

Apesar de uma parte majoritária do projeto ter surgido de um lugar de paródia, como Carey menciona em suas memórias, havia uma verdadeira apreciação pelo rock alternativo. Ela se inspirou em bandas como Sleater-Kinney, L7 e Green Day, sendo Dookie deste último um dos seus álbuns favoritos na época, segundo Chappelle, via Rolling Stone. Para dar vida à sua persona de “garota gótica introspectiva”, ela modificou seus vocais na cabine, sobrepondo-os com a voz da amiga Clarissa Dane Davidson como vocal principal, além de ter gravado vozes de apoio com quem quer que estivesse no estúdio naquela noite.

O resultado dessas gravações foi o disco de rock intitulado Someone ‘s Ugly Daughter, atribuído ao nome Chick. A Sony Music não aprovou a brincadeira, e Mariah comentou sobre isso em sua autobiografia (via Ultimate Guitar):

“Eu arranjei muito problema ao fazer esse álbum – o disco alternativo – porque na época tudo era super controlado pelas pessoas no comando.”

Imagem de conteúdo da notícia "Mariah Carey no Mundo do Grunge: Uma Jogada que Quase Custou Caro" #2

Toque para aumentar

Depois de um tempo, a gravadora – liderada pelo ex-marido da cantora – aceitou lançar o álbum. Someone ‘s Ugly Daughter foi lançado em 1995, mas, de maneira crucial, os vocais de Mariah foram retirados da versão final e ele foi assinado pela nome Chick. Até que Mariah revelasse em 2020 que as faixas incluídas na obra eram de sua autoria, o trabalho não havia recebido grande visibilidade.

Clarissa Davidson foi a imagem e a voz do projeto, aparecendo inclusive em videoclipes oficiais, enquanto Mariah apenas apareceu em alguns backing vocals. Ela compartilhou em suas memórias que encontrou satisfação pessoal ao explorar sua faceta rock, e Chappelle recorda um genuíno desejo de que o álbum fosse divulgado.

A Sony fez uma concessão temporária, lançando o álbum de estreia de Chick por um breve período em 1995. Também foram feitos videoclipes, embora o engenheiro acredite que Carey pode ter arcado com os custos deles pessoalmente. Davidson, cujos vocais se tornaram a principal voz no álbum final, é a protagonista dos visuais que ainda estão disponíveis no YouTube e em plataformas de streaming.

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