O técnico Renê Simões revelou bastidores da preparação de Filipe Luís para se tornar treinador, destacando a inteligência e o nível de dedicação do atual comandante do Flamengo. Em entrevista ao Charla Podcast, Renê, que trabalha também com mentoria de treinadores, ajudando alguns jovens que estão iniciando a carreira. E foi exatamente assim que ele passou a orientar o ex-lateral desde o momento em que ele decidiu pendurar as chuteiras e iniciar a carreira fora das quatro linhas.
“Ele me falou que estava parando de jogar e queria ser técnico. Eu mandei uma relação que dou aos meus mentorados com o que precisa ser feito. Temos sempre que fazer uma análise: entender quem manda no clube, quem faz a cabeça do presidente, o elenco, os objetivos do clube, as competições que vou disputar, como é a comissão técnica… Mandei essa lista, mas ele já tinha tudo isso, porque anotava todos os treinos — os do Simeone, do Mourinho, do Jorge Jesus. Ele é muito inteligente”, iniciou Renê.
O mentor também revelou detalhes de como ajudou Filipe Luís a lidar com a primeira derrota como treinador, ainda no início do trabalho no Flamengo.
“Quando ele perdeu o primeiro jogo, para o Fluminense, mandei uma mensagem dizendo que a noite dele seria complicada. Contei tudo, porque a minha primeira derrota, quando assumi o Olaria, em 1981, foi de 4 a 0 para o Flamengo — aquele time lendário de 81. De manhã, mandei outra mensagem e disse o que ele tinha que fazer.”
Segundo Renê, embora hoje em dia Filipe já esteja estabelecido como técnico, com já algumas conquistas, a relação entre os dois segue próxima, com trocas constantes de ideias e aprendizados.
“Eu não gosto de falar, mas ele citou: ‘incrível, o Renê entrou na minha cabeça e foi muito bom’. E a gente continuou. Até hoje nos falamos muito. A minha ajuda para ele, se for 10%, é muito. Ele é muito inteligente, tem convicção. Com todo mentorado, eu tento desassociar teimosia de convicção.”
O experiente treinador ainda destacou a importância do planejamento e da antecipação de cenários para quem comanda uma equipe, algo que o treinador do Flamengo vem fazendo muito bem nesse pouco mais de um ano de trabalho.
“Quando você monta o seu plano de jogo, precisa antecipar cenários. E se eu tiver que jogar 11 contra 10, o que vou fazer? Tem que pensar em tudo. Saber reagir se estou ganhando, empatando ou perdendo, se é final de campeonato ou não. Às vezes preciso fazer o time ser mais ofensivo, às vezes não. Isso é no treino”, completou.


