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Mercado vê risco para bancos brasileiros em meio a impasse com EUA

Depois de um recuo que superou 2% nesta terça-feira (19), o Ibovespa futuro começou o dia em leve alta. No fechamento, o setor financeiro amargou perdas de R$ 41,9 bilhões. Apenas as ações do Banco do Brasil caíram 6,02%, o que representa uma perda de R$ 6,8 bilhões em valor de mercado.

Neste contexto, as relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos seguem no centro das preocupações do mercado. Em meio a esse cenário, permanece o impasse com as tarifas de 50% impostas pelo governo de Donald Trump, e, ao mesmo tempo, no Brasil, a decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), trouxe tensão adicional. 

No início da semana, Dino decidiu que determinações estrangeiras não têm efeito automático no Brasil. A medida confronta a sanção imposta ao ministro Alexandre de Moraes, que conduz o julgamento dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Vale lembrar que esse julgamento é uma das justificativas apontadas pelo governo dos Estados Unidos para sancionar Moraes e adotar o tarifaço contra exportações brasileiras.

Consequências da decisão no mercado

Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, o mercado financeiro está atento às consequências jurídicas da decisão. “O Flávio Dino quis fazer o movimento para proteger o Supremo. Já havia uma decisão encaminhada pelo ministro Zanin, e de certa forma ele se antecipou. Portanto, agora precisamos acompanhar como será a solução, talvez via Congresso ou por decisão majoritária no próprio STF”, avalia.

No entanto, outros especialistas avaliam que parte do movimento é influenciado por exagero. Essa é a opinião de Ricardo Rodil, economista da Crowe Macro Brasil.

“Tenho a impressão de que estão criando um alarmismo exagerado. Na teoria, as consequências poderiam ir até a falência dos bancos que aderirem ao processo de ‘permissão’ do STF para tomar medidas contra os afetados pela Lei Magnitsky. Apesar disso, na prática, isso levaria a uma diminuição gigantesca de transações entre empresas brasileiras e norte-americanas”, explica.

Enquanto isso, para Vale, a maior preocupação é com a repercussão no sistema financeiro internacional. “Todos os grandes bancos brasileiros têm representação e negócios nos Estados Unidos. Eles poderiam ser vítimas de restrições legais por conta dessa situação, o que aumenta, consequentemente, o risco e o desconforto do mercado”. Além disso, ele destaca ainda que as tensões comerciais devem se prolongar. “O Trump é instável. O aumento tarifário não resolve a situação, e esse tema vai voltar o tempo inteiro nos próximos meses e anos”, diz.

Rodil, por sua vez, pondera que o próprio setor privado americano poderia suavizar o quadro. “As inúmeras empresas americanas que seriam prejudicadas veriam suas receitas diminuir e, nessas circunstâncias, pressionariam seu governo para aliviar a situação”, conclui.

O que está no radar dos investidores

Enquanto as tensões entre Brasil e Estados Unidos seguem no centro das atenções, no cenário interno, temos outro componente: nova pesquisa Genial/Quaest sobre a popularidade do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O levantamento, divulgado nesta quarta-feira (20), mostrou que a aprovação do presidente chegou a 46%, crescendo pela segunda vez consecutiva. O avanço veio da região Nordeste, beneficiários do Bolsa Família e eleitores com 60 anos ou mais. Já a reprovação ficou em 51%, dentro da margem de erro de dois pontos percentuais.

No exterior, a expectativa com a divulgação da ata do Federal Reserve (Fed), ganha força. No documento, que será divulgado durante a tarde de hoje, o banco central norte-americano deve indicar os próximos passos da política monetária no país.

Para Rodil, o tarifaço pode gerar pressões inflacionárias nos EUA. “Quando isso se concretizar, o Fed terá de interromper a queda ou iniciar uma elevação dos juros. Isso levaria um fluxo de investimentos para os EUA, fortalecendo o dólar perante outras moedas e podendo até aumentar novas pressões inflacionárias, levando o Fed a novas altas”, explica.

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