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Ministra renuncia depois de falar que não há mendigos em Cuba

A ministra do Trabalho e Previdência de Cuba, Marta Elena Feitó Cabrera, deixou o cargo na terça-feira 15, depois de ser alvo de críticas por uma fala polêmica. Durante uma reunião da Assembleia Nacional, na segunda-feira, ela afirmou que em Cuba “não há mendigos”, apenas pessoas “disfarçadas de mendigos”.

Segundo ela, basta olhar para as mãos e roupas dessas pessoas para perceber que “não são realmente mendigos”. A repercussão foi imediata, especialmente diante da crise econômica no país. O gabinete da Presidência informou nas redes sociais que Feitó reconheceu o erro e pediu demissão.

A ministra também afirmou que quem pede esmola limpando para-brisas usa o dinheiro para “beber álcool” e criticou pessoas que recolhem materiais nos lixões para revenda, alegando que agem assim para fugir dos impostos.

Ditador de Cuba reprovou fala de ministra

Miguel Díaz-Canel, o ditador de Cuba | Foto: Reprodução/Instagram/cubaminrexMiguel Díaz-Canel, o ditador de Cuba | Foto: Reprodução/Instagram/cubaminrex
Miguel Díaz-Canel, o ditador de Cuba | Foto: Reprodução/Instagram/cubaminrex

As falas geraram reações indignadas nas redes sociais, onde usuários compartilharam imagens de moradores de rua em condições precárias. O economista Pedro Monreal ironizou Feitó, dizendo que existem “pessoas disfarçadas de ‘ministros’” em Cuba, conforme escreveu no X.

O ditador Miguel Díaz-Canel manifestou reprovação, sem citar nomes, afirmando: “A falta de sensibilidade em lidar com a vulnerabilidade é altamente questionável”, disse. “A revolução não pode deixar ninguém para trás. Esse é o nosso lema, nossa responsabilidade militante.”

Em sessão parlamentar, Díaz-Canel reforçou que “nenhum de nós pode agir com arrogância, agir com fingimento, desconectado das realidades em que vivemos”. O presidente acrescentou que pessoas em situação de rua simbolizam os problemas sociais e as desigualdades do país.

Agravamento da crise social e econômica

Cuba vive sua pior crise econômica em três décadas, com agravamento da pobreza, falta de alimentos, remédios e combustíveis, além de apagões diários. Especialistas atribuem a situação às sanções dos EUA e a erros na gestão interna.

A pobreza extrema se tornou mais visível, especialmente em Havana, onde a inflação alta, os salários baixos e a escassez de produtos básicos empurram parte da população à mendicância e à coleta de restos no lixo. Apesar de programas sociais, o próprio governo reconheceu, em 2024, que 189 mil famílias e 350 mil pessoas estão em situação vulnerável — num país de 9,7 milhões de habitantes.

Com a redução dos benefícios sociais e o agravamento da crise, mais cubanos deixam a ilha. Dados divulgados na segunda-feira 14, mostram que o PIB caiu 1,1% em 2024, depois de retração de 1,9% no ano anterior — uma perda acumulada de 11% em cinco anos. O salário médio mensal segue abaixo de US$ 20, ou cerca de R$ 111 na cotação paralela.

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