A ministra do Trabalho e Previdência de Cuba, Marta Elena Feitó Cabrera, deixou o cargo na terça-feira 15, depois de ser alvo de críticas por uma fala polêmica. Durante uma reunião da Assembleia Nacional, na segunda-feira, ela afirmou que em Cuba “não há mendigos”, apenas pessoas “disfarçadas de mendigos”.
Segundo ela, basta olhar para as mãos e roupas dessas pessoas para perceber que “não são realmente mendigos”. A repercussão foi imediata, especialmente diante da crise econômica no país. O gabinete da Presidência informou nas redes sociais que Feitó reconheceu o erro e pediu demissão.
🇨🇺| | Como resultado del análisis realizado por la dirección del Partido y del Gobierno con Marta Elena Feitó sobre su intervención en reunión de dos Comisiones de Trabajo de @AsambleaCuba, la compañera reconoció sus errores y presentó su renuncia.
🔗| https://t.co/HeYTE2cTZa
— Presidencia Cuba 🇨🇺 (@PresidenciaCuba) July 16, 2025
A ministra também afirmou que quem pede esmola limpando para-brisas usa o dinheiro para “beber álcool” e criticou pessoas que recolhem materiais nos lixões para revenda, alegando que agem assim para fugir dos impostos.
Ditador de Cuba reprovou fala de ministra


As falas geraram reações indignadas nas redes sociais, onde usuários compartilharam imagens de moradores de rua em condições precárias. O economista Pedro Monreal ironizou Feitó, dizendo que existem “pessoas disfarçadas de ‘ministros’” em Cuba, conforme escreveu no X.
O ditador Miguel Díaz-Canel manifestou reprovação, sem citar nomes, afirmando: “A falta de sensibilidade em lidar com a vulnerabilidade é altamente questionável”, disse. “A revolução não pode deixar ninguém para trás. Esse é o nosso lema, nossa responsabilidade militante.”
Muy cuestionable la falta de sensibilidad en el enfoque de la vulnerabilidad. La Revolución no puede dejar a nadie atrás, esa es nuestra divisa, nuestra responsabilidad militante. #PoderPopular
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— Miguel Díaz-Canel Bermúdez (@DiazCanelB) July 15, 2025
Em sessão parlamentar, Díaz-Canel reforçou que “nenhum de nós pode agir com arrogância, agir com fingimento, desconectado das realidades em que vivemos”. O presidente acrescentou que pessoas em situação de rua simbolizam os problemas sociais e as desigualdades do país.
Agravamento da crise social e econômica
Cuba vive sua pior crise econômica em três décadas, com agravamento da pobreza, falta de alimentos, remédios e combustíveis, além de apagões diários. Especialistas atribuem a situação às sanções dos EUA e a erros na gestão interna.
A pobreza extrema se tornou mais visível, especialmente em Havana, onde a inflação alta, os salários baixos e a escassez de produtos básicos empurram parte da população à mendicância e à coleta de restos no lixo. Apesar de programas sociais, o próprio governo reconheceu, em 2024, que 189 mil famílias e 350 mil pessoas estão em situação vulnerável — num país de 9,7 milhões de habitantes.
Com a redução dos benefícios sociais e o agravamento da crise, mais cubanos deixam a ilha. Dados divulgados na segunda-feira 14, mostram que o PIB caiu 1,1% em 2024, depois de retração de 1,9% no ano anterior — uma perda acumulada de 11% em cinco anos. O salário médio mensal segue abaixo de US$ 20, ou cerca de R$ 111 na cotação paralela.
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