O ministro da Casa Civil do governo Luiz Inácio Lula da Silva, Rui Costa, afirmou nesta terça-feira, 12, que o Brasil tem razões para aplicar tarifas sobre produtos dos Estados Unidos, ao citar um saldo comercial desfavorável ao país. A informação é do portal Poder360.
Segundo ele, nos últimos 15 anos, o superávit norte-americano acumulado com o Brasil foi de US$ 400 bilhões. “Quem deveria taxar os EUA era o Brasil, que vem tendo prejuízo com o comércio bilateral”, declarou em entrevista à rádio Alvorada FM, de Guanambi (BA).
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Costa disse que o Congresso Nacional já aprovou uma lei que autoriza o Executivo a adotar medidas de reciprocidade. A declaração foi feita em reação ao aumento de tarifas de importação anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que, em alguns casos, chega a 100%.
O ministro afirmou que Lula tem buscado negociar com Washington, mas ressaltou que o governo está preparado para agir. “Se taxaram lá, podemos também impor custos adicionais às empresas norte-americanas que queiram vender ao Brasil”, afirmou.
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O ministro informou que até quarta-feira, 13, será apresentado um plano de contingência para reduzir os efeitos das tarifas impostas por Trump sobre produtos brasileiros. Segundo ele, Lula se reuniria ainda nesta manhã com ministros da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e de outras pastas para definir as ações.
As medidas devem incluir apoio financeiro e a busca de novos mercados para empresas afetadas. “A ideia geral é apoiar, estimulando que essas empresas possam redirecionar seus produtos para outros países”, disse Costa. “Fiz reuniões com embaixadores da China e da Índia para identificar oportunidades de exportação.”


A declaração de Costa repete, em linhas gerais, um posicionamento já expresso por Lula um mês antes. Em julho, o chefe do Executivo afirmou: “Eu que deveria taxar ele”, em referência a Trump, ao citar os mesmos dados de déficit nos últimos 15 anos.
Na mesma fala, Lula disse que a medida anunciada por Washington não tinha justificativa e defendeu a adoção de reciprocidade caso não houvesse avanço nas negociações. “Se não tiver jeito no papo, vamos estabelecer a reciprocidade, taxou aqui, vamos taxar lá”, declarou. “Não tem outra coisa a fazer.”
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