O Supremo Tribunal Federal (STF) esvaziou a audiência desta quarta-feira, 16, ao convocar apenas testemunhas ligadas à acusação na investigação sobre a suposta tentativa de golpe em 2022.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, ignorou os nomes apresentados pelas defesas. Desta forma, optou por ouvir apenas aliados da Procuradoria-Geral da República.
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Das 22 testemunhas previstas para o núcleo de gerenciamento da suposta organização criminosa, apenas duas compareceram: o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o general da reserva Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
A sessão durou cerca de uma hora e meia, apesar da expectativa inicial de que se estendesse por todo o dia. A defesa do ex-assessor Filipe Martins tentou incluir o ex-assistente de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral, Eduardo Tagliaferro, como testemunha. O ministro indeferiu.
Outras testemunhas sugeridas — como o senador Eduardo Girão (Novo-CE), o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) e o ex-ministro Onyx Lorenzoni — também tiveram seus pedidos negados.


Ciro Nogueira confirmou que intermediou um encontro entre Jair Bolsonaro e Moraes no fim de 2022. Contudo, alegou não lembrar se Marcelo Câmara participou da articulação.
Já Gonçalves Dias repetiu declarações feitas à CPMI do 8 de janeiro, alegando que recebeu informações conflitantes de órgãos internos do GSI às vésperas dos ataques aos Três Poderes.
Moraes corta microfone e confronta advogado em meio à audiência
Durante o depoimento do general, Moraes voltou a se desentender com o advogado de Filipe Martins, Jeffrey Chiquini.
O defensor insistia em saber quais tropas estavam à disposição do GSI durante as invasões. No entanto, Moraes o interrompeu e argumentou que a pergunta já havia sido respondida. Chiquini então se referiu aos invasores como “vândalos”, o que irritou o ministro.


“Doutor, quando os golpistas chegaram, porque não são vândalos, são golpistas, inclusive já condenados”, respondeu o magistrado. “As imagens são muito claras.”
Quando o som foi restabelecido, Chiquini perguntou se sua palavra havia sido cassada. Moraes confirmou: “Cassei a sua palavra, doutor”.
Testemunhas militares não comparecem
Na véspera, estiveram presentes ex-comandantes das Forças Armadas como Marco Antônio Freire Gomes e Carlos Baptista Junior, chamados pela Defensoria Pública da União. Nesta quarta, eles não apareceram, e Moraes rejeitou novo agendamento.
O magistrado ainda homologou a desistência de depoimentos de nomes como os senadores Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Rogério Marinho (PL-RN), que não entraram na videoconferência.
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Apesar da baixa adesão, as defesas ainda podem tentar reagendar até segunda-feira 21, último dia reservado às oitivas desse núcleo. A lista inclui Fabio Shor, Eduardo Pazuello (PL-RJ), Helio Lopes (PL-RJ), o ex-assessor Matheus Matos Diniz e a promotora Stella Maria Flores Floriani Burda.