Francisco Cuoco, um dos principais nomes da dramaturgia brasileira, morreu nesta quinta-feira, 19, aos 91 anos. Internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, o ator enfrentava problemas de saúde agravados por uma infecção nos rins. A informação foi confirmada pela Rede Globo de Televisão, onde trabalhou por mais de 50 anos.
Nascido no bairro do Brás, em São Paulo, em 29 de novembro de 1933, desde pequeno Cuoco demonstrava interesse pela arte ao assistir apresentações de circos. “Eu encenava uns diálogos engraçados para os vizinhos, tudo imaginação de criança”, relembrou em entrevista ao projeto Memória Globo.
A carreira artística começou nos palcos, ao deixar o curso de Direito para estudar na Escola de Arte Dramática de São Paulo. Formado em 1957, passou por companhias importantes como o Teatro Brasileiro de Comédia e o Teatro dos Sete, ao lado de nomes como Fernanda Montenegro.


Sua estreia na televisão ocorreu no Grande Teatro Tupi, ainda nos tempos da TV ao vivo, e em 1964 participou de sua primeira novela, Marcados pelo Amor, na TV Record. Na Globo, onde ingressou em 1970, Cuoco alcançou projeção nacional ao protagonizar novelas de sucesso.
Interpretou o padre Vitor em Assim na Terra Como no Céu e, nos anos seguintes, ganhou destaque com personagens marcantes como Cristiano Vilhena em Selva de Pedra (1972), Carlão em Pecado Capital (1975) e Herculano Quintanilha em O Astro (1977).
Ao longo da carreira, protagonizou mais de 20 novelas e foi presença constante em tramas de Janete Clair. Com Regina Duarte, com quem formou par romântico em várias produções, estabeleceu uma das duplas mais populares da teledramaturgia.
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Francisco Cuoco manteve presença constante na TV até os últimos anos
Nos anos 2000, diminuiu o ritmo de trabalhos na televisão, mas permaneceu ativo. Atuou em novelas como Passione (2010), Sol Nascente (2016) e fez participações especiais em Salve-se Quem Puder (2020) e No Corre (2023).
Durante a pandemia, foi diagnosticado com depressão, condição que superou com o apoio da família. “Devagarinho, com ajuda dos filhos, eu fui me recuperando”, afirmou no programa Conversa com Bial, em 2021. “Acho que hoje em dia estou bem melhor.”
No cinema, seu percurso incluiu obras como Grande Sertão (1968), Traição (1998), Cafundó (2005) e Um Anjo Trapalhão (2000), ao lado de Renato Aragão. Também lançou discos com orações e músicas românticas, como Solead (1975) e Paz Interior.
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Em sua última entrevista, concedida no começo de maio, Cuoco relatou pesar 130 quilos, apresentar inchaço nas pernas e dificuldade para ficar de pé. “Tenho alguns problemas de saúde, de locomoção, mas é suportável”, disse à Folha de S.Paulo. Morava com a irmã, Grácia, de 86 anos, e era assistido por cuidadores.
Além da irmã, deixa três filhos — Tatiana, Rodrigo e Diogo — e netos. Cuoco foi casado com a atriz Carminha Brandão, com quem viveu entre 1960 e 1964, e com Gina Rodrigues, mãe de seus filhos, até 1984. De 2014 a 2017, teve um relacionamento com a estilista Thaís Almeida.
Figura central no imaginário televisivo nacional, Cuoco foi homenageado recentemente pela Globo no especial Tributo, que celebrou sua trajetória como um dos galãs mais emblemáticos da história da TV. Em suas próprias palavras: “Tenho fotografia da época, e vejo que era um ‘galãzura’ mesmo”.
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