
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o Brasil passa a ocupar um novo patamar no debate climático global após apresentar, em Belém, a primeira AgriZone da história das conferências do clima. O espaço, instalado dentro da Embrapa Amazônia Oriental, reuniu tecnologias aplicadas no campo e atraiu delegações de diversos países — inclusive representantes da Austrália, possível sede da COP31, que manifestaram interesse em replicar o formato.
O ministro concedeu a entrevista no Glass Studio, do Canal Rural, instalado na AgriZone. Também participaram da conversa a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, e o governador do Pará, Helder Barbalho (veja no vídeo abaixo).
Segundo Fávaro, o país mostrou ao mundo um exemplo concreto de produção sustentável, apoiado em ciência, inovação e cumprimento rigoroso do Código Florestal. “O Brasil não fica refém do discurso. Mostramos na prática como produzir alimentos com responsabilidade ambiental”, destacou.
O ministro ressaltou que a AgriZone é uma demonstração inédita de como políticas públicas, pesquisa científica e práticas agrícolas consolidadas podem se unir em um espaço real de demonstração. “Fomos o primeiro país a levar tecnologias da pecuária para dentro de um centro de pesquisa numa COP. Aqui, o visitante vê como o Brasil produz com sustentabilidade”, afirmou.
Sustentabilidade, previsibilidade climática e futuro da produção
O governador do Pará, Hélder Barbalho, reforçou que a COP30 dá visibilidade ao modelo brasileiro de conciliar produção agrícola e preservação da floresta. Para ele, o produtor rural precisa ser remunerado também pela conservação ambiental.
“A floresta é solução para o desenvolvimento”, destacou Barbalho. “O mundo precisa pagar por quem preserva, seja por serviços ambientais, crédito de carbono ou pela bioeconomia.”
A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o interesse internacional pela AgriZone, que recebeu comitivas de 23 países. Para ela, o espaço marca uma nova fase para a pecuária e para a agricultura tropical. “Temos soluções de A a Z. O mundo quer entender como conseguimos duas, até três safras por ano, com base em ciência e sistemas agroflorestais”, afirmou.
Caminho Verde Brasil e o novo capítulo do agro sustentável
Fávaro também destacou o avanço do programa Caminho Verde Brasil, que já destinou bilhões de reais para a recuperação de áreas degradadas e restaurou mais de 3 milhões de hectares. Segundo ele, o futuro da expansão agrícola está em áreas antropizadas, sem necessidade de novos desmatamentos.
A iniciativa inspirou o lançamento internacional do Projeto Raiz, da FAO, que pretende captar recursos globais para recuperar áreas degradadas em diferentes países.
Liderança climática e legado da COP30
Para o ministro, o Brasil reúne todos os atributos para liderar soluções climáticas no mundo: excelência produtiva, grande área preservada, uso intensivo de biotecnologia, agricultura de baixo carbono e um dos códigos florestais mais rigorosos do planeta.
“Ninguém no mundo tem o volume de plantio direto que temos. Ninguém faz duas safras no mesmo hectare, com essa eficiência. O Brasil é referência”, afirmou Fávaro.
Silvia Masauer reforçou que a COP30 é apenas o começo. “É o início de uma nova jornada da agricultura de baixo carbono e regenerativa, guiada pela ciência.”
Para Barbalho, o legado será histórico: “O Brasil é exemplo. Não podemos aceitar que nos imputem responsabilidades que não são nossas. Fazemos nossa parte e mostramos como produzir preservando.”


