Por Supantha Mukherjee
ESTOCOLMO (Reuters) – O grupo de defesa de direitos dos consumidores Noyb, com sede em Viena, disse nesta quarta-feira que apresentou uma queixa à autoridade austríaca de proteção de dados contra a Mozilla, acusando o criadora do navegador de internet Firefox de rastrear o comportamento dos usuários sem consentimento.
A Noyb (sigla em inglês para ‘Não é da sua conta’), um grupo de direitos digitais fundado pelo ativista de privacidade Max Schrems, disse que a Mozilla habilitou o chamado recurso de atribuição de preservação de privacidade (PPA) que transformou o navegador em uma ferramenta de rastreamento para sites sem informar diretamente seus usuários.
‘O teste limitado de PPA da Mozilla é parte de nosso esforço para melhorar as práticas de publicidade invasiva, fornecendo alternativas técnicas’, disse um porta-voz à Reuters. ‘Essas técnicas impedem que qualquer parte, incluindo a Mozilla, identifique indivíduos ou suas atividades de navegação.’
Embora isso possa ser menos invasivo do que o rastreamento ilimitado, ainda interfere nos direitos do usuário de acordo com as leis de privacidade da União Europeia, disse o grupo Noyb, acrescentando que o Firefox tem o recurso ativado por padrão.
‘É uma pena que uma organização como a Mozilla acredite que os usuários são burros demais para dizer sim ou não’, disse Felix Mikolasch, advogado de proteção de dados da Noyb. ‘Os usuários deveriam poder fazer uma escolha e o recurso deveria vir desativado por padrão.’
O Firefox já foi uma das principais opções de navegador de internet devido a seus recursos de privacidade, mas agora está atrás do líder de mercado Chrome, do Google, do Safari, da Apple, e do Edge, da Microsoft, com uma participação de apenas um dígito.
O Noyb quer que a Mozilla informe os usuários sobre suas atividades de processamento de dados, mude para um sistema de opt-in e exclua todos os dados processados ilegalmente de milhões de usuários afetados.
O grupo, que em junho apresentou uma queixa contra a Alphabet por supostamente rastrear usuários do Chrome, também apresentou centenas de reclamações contra grandes empresas de tecnologia, algumas resultando em grandes multas.
(Reportagem de Supantha Mukherjee em Estocolmo)