Em editorial publicado nesta segunda-feira, 2, o jornal O Estado de S. Paulo, comparou as medidas econômicas tomadas nos governos de Javier Milei, na Argentina, e Luiz Inácio Lula da Silva, no Brasil. O jornal concluiu que o argentino tem algo a ensinar ao brasileiro.
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“A escala e a diversificação da economia brasileira não se comparam às da Argentina”, escreve o Estadão. “Também por isso, o ajuste fiscal de que o Brasil necessita teria magnitude bem menor e consequências muito mais brandas que as vivenciadas pela população do país vizinho.”
O economista liberal Javier Milei foi eleito no país vizinho no ano passado, com a promessa de ajustar a instável e decadente situação econômica da Argentina. Como o próprio Estadão define, esse ajuste fiscal é como um ”remédio amargo”, que, quanto mais se adia, mais amargo fica.
Estadão lembra medidas de Milei na Argentina
O jornal abre o texto com citações de medidas econômicas de Javier Milei. Lembrou que, no início, o liberal enfrentou a pressão do Congresso, mas, depois de recuar na briga com governadores, conseguiu aprovar seu pacote de reformas.
“Os cortes de gastos começaram a dar resultados”, informa o editorial. “Em janeiro, as contas públicas tiveram saldo positivo pela primeira vez em 12 anos; em outubro, o país registrou o 10º superávit primário consecutivo. E, pela primeira vez na história argentina, houve saldo suficiente para pagar também o custo dos juros da dívida.”
Para além dos aspectos positivos da reforma, como elevação na nota de crédito do país, de CC para CCC, projeção de crescimento da economia para 2025 e nível mais baixo do risco-país desde 2019, o Estadão cita o amargor desse remédio.
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“As taxas de juros estão em 35% ao ano e, somadas à redução dos subsídios nas contas de água, energia, gás e transporte e às demissões no setor público, fizeram o consumo despencar”, escreveu o Estadão. “Em recessão, o PIB recuou 1,7% no segundo trimestre, depois de cair 2,2% no primeiro trimestre e 1,4% no último trimestre de 2023.”
Jornal critica demora de Lula
Ao concluir que o processo não é indolor, o jornal ainda citou o aumento de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza na Argentina. “No primeiro semestre deste ano, nada menos que 15,7 milhões de pessoas viviam abaixo da linha de pobreza, ou 52,9% da população, de acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec)”, informou.
“Desde o segundo semestre do ano passado, eram 12,3 milhões, o equivalente a 41,7% da população.” Apesar de ver sua popularidade diminuir, no começo de seu governo, Milei encara, agora, um aumento de apoio.
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Depois de elencar os aspectos da economia e das mudanças na Argentina, o Estadão conclui que o Brasil tem uma escala muito maior e é muito mais diverso. “Neste momento, a Argentina ensina algo ao Brasil: quanto mais se adia o reequilíbrio fiscal, mais amargo é o remédio a ser adotado”, opinou o Estadão.