Em meio a recentes impasses diplomáticos, o assessor especial da presidência para assuntos internacionais, embaixador Celso Amorim, destacou nesta segunda-feira, 11, as dificuldades de acesso aos principais tomadores de decisão dos EUA.
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A observação ocorreu depois do cancelamento de um encontro previamente agendado entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent.
“Da nossa parte, os canais não estão fechados. O próprio ministro [Fernando Haddad] me falou isso também, aparentemente não há facilidade em contactar quem decide as coisas nos Estados Unidos”, afirmou no programa Roda Viva, da TV Cultura. Além disso, Amorim disse que o “Itamaraty está encontrando esse mesmo tipo de bloqueio”.
Os EUA impuseram tarifas de 50% sobre produtos brasileiros com o argumento de que o país age de forma desleal na relação comercial, de que há perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e de que o Judiciário atua contra a liberdade de expressão, seja por regular as redes sociais seja por censurar empresas e cidadãos norte-americanos ou residentes.
Diálogo, mas cobra reciprocidade, diz Amorim


O embaixador reforçou a disposição do Brasil para o diálogo, mas ponderou que a iniciativa precisa ser mútua. “Sempre estaremos abertos a negociar, agora tem um ditado inglês muito bom: takes two for tango. É preciso que os dois queiram negociar”, disse Amorim.
Fernando Haddad atribuiu o cancelamento da reunião marcada para esta quarta-feira, 13, a uma articulação da “extrema direita”, que, segundo ele, atua em sintonia com a Casa Branca.
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Oficialmente, Scott Bessent justificou a ausência por “falta de agenda”, conforme explicou Haddad, que também relatou tentativas de sua equipe para remarcar o compromisso.
“Brasil está preparado para novas sanções”
Celso Amorim o Brasil estará preparado para eventuais novas sanções dos EUA, decorrentes da possível condenação de Jair Bolsonaro pelo STF.
“Acho um absurdo tão grande que me recuso a acreditar. Nós estaremos preparados, o governo tem pensado tudo que é necessário fazer. Eu acho que não é do interesse dos EUA ter uma guerra, que seja comercial ou verbal, com o Brasil”, afirmou.
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