Para contribuir com a evolução das tecnologias reprodutivas, o Instituto de Zootecnia (IZ-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, está estruturando um laboratório de produção de embriões in vitro.
Com investimento de aproximadamente R$ 2,3 milhões, entre equipamentos e bolsas de pesquisa, o empreendimento possibilitará o desenvolvimento de pesquisas para suprir as demandas da área.
O novo laboratório está sendo montado na Divisão Avançada de Pesquisa e Desenvolvimento de Bovinos de Corte, em Sertãozinho, pelo pesquisador Tiago Henrique Camara De Bem, para avanço de estudos da fase inicial de desenvolvimento do embrião.
O projeto deve dar início a um novo grupo de pesquisa no IZ que vai contribuir com outras iniciativas da Instituição e, principalmente, com o grupo de Reprodução Animal, liderado pelo pesquisador Fábio Morato Monteiro.
Desafios e possibilidades
De acordo com De Bem, um dos principais desafios na área é que os sistemas de cultivo in vitro convencionais não conseguem reproduzir de forma adequada as condições fisiológicas do útero.
“No início do desenvolvimento, o embrião ainda não se fixa ao endométrio e depende exclusivamente dos nutrientes presentes no fluído uterino, secretado pelo tecido materno. Nós vamos buscar soluções para esta limitação”, diz.
Além de gerar conhecimento fundamental sobre a fisiologia reprodutiva bovina, esse estudo não apenas contribui, mas também abre novas possibilidades para avaliar fertilidade, processo de fecundação, patologias reprodutivas e testar fármacos e terapias, tudo com o objetivo de reduzir a necessidade do uso intensivo de animais em pesquisa.
Os resultados obtidos também poderão contribuir para o entendimento do desenvolvimento embrionário em outras espécies, incluindo seres humanos.
Viabilizando a gestação
O estabelecimento da gestação é um processo complexo e multifatorial, que envolve alterações morfológicas e mecanismos moleculares.
Assim, a viabilização dos sistemas de cultivo in vitro utilizará de duas estratégias: a primeira técnica é o uso de organoides endometriais, derivadas de tecidos in vivo, capazes de reproduzir a complexidade estrutural, funcional e biológica do útero.
Por outro lado, a segunda é fundamentada no uso de embriões bovinos produzidos por fertilização in vitro (FIV), técnica na qual oócitos e espermatozoides são coletados e fecundados em laboratório, permitindo a obtenção de embriões fora do organismo materno.
Por isso, o cultivo conjunto de embriões produzidos por FIV com organoides endometriais representa uma abordagem inovadora e promissora para investigar o crescimento do embrião e suas interações com o endométrio em condições mais controladas.
*Sob supervisão de Victor Faverin