O conflito entre Israel e Irã trouxe as bombas atômicas de volta às capas. Famosa pela eficácia, a inteligência israelense acusa o governo iraniano de planejar a produção de ogivas nucleares. O alvo: converter em poeira cada pedaço do Estado Judeu, um posto avançado do Ocidente dentro do Oriente Médio.
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A comunidade internacional não duvida do plano de destruição. No entanto, o uso de radiação como arma de guerra é anterior à ascensão da rivalidade entre esses países. Muito antes de um aiatolá ditar como viver em Teerã e Tel Aviv se transformar em um refúgio dos hebreus, ogivas caíram dos céus como um artifício para impor a paz.
Poder irradiado
Bastaram duas bombas atômicas sobre o Japão, em 1945, para lançar um recado claro ao mundo: com apenas um botão, os Estados Unidos mostraram poder para aniquilar qualquer inimigo. As explosões impuseram o fim da Segunda Guerra Mundial, mas os tremores acionaram os alarmes da União Soviética. Sob nuvens radioativas na Ásia, as duas potências começaram uma corrida armamentista sem precedentes na história.
Desde então, o planeta deu várias voltas, com constantes mudanças nas mais altas esferas do poder. No pós-guerra, três homens dividiram o mundo: o ditador soviético Josef Stalin, no lado comunista; Franklin Delano Roosevelt, presidente dos Estados Unidos; e o então primeiro-ministro britânico, Winston Churchill — os dois últimos, principais líderes do mundo livre na época. Há décadas, eles deixaram a caneta para emprestar os nomes a lápides e avenidas. A influência dos acertos deles, porém, ainda persiste ao redor do mundo — inclusive no Brasil.
Embora os brasileiros fiquem longe da linha de frente, não há distância grande o suficiente para se proteger dos choques. O páreo dos gigantes criou armas para destruir a civilização centenas de vezes, como se o apocalipse precisasse de reprise.


Somados, os arsenais dos norte-americanos e as bombas atômicas que os russos herdaram do extinto bloco soviético equivalem a 2,5 mil megatons atualmente. É como se a Terra tivesse centenas de fins do mundo à espera de um clique em algum bunker. E a ameaça atual é apenas uma fração do que foi no auge.
Apogeu das bombas atômicas
De acordo com o Our World in Data, site vinculado à Universidade de Oxford, o pico da carga destrutiva ocorreu em 1980: cerca de 15 mil megatons — o equivalente a 1 milhão de bombas como as lançadas sobre o Japão. Cada uma foi capaz de devastar praticamente uma cidade inteira.
Contudo, outras nações seguiram o exemplo e passaram a dispor de arsenais radioativos próprios. O que antes era monopólio de gigantes se tornou acessível a países com governos de todos os tipos — e dissabores.
Parte da lista reúne nações estáveis, como França, Reino Unido, Índia e China. Do outro lado, ditaduras vociferam para mostrar força ao mundo — como a Coreia do Norte, hoje dona de 50 ogivas.
A ditadura norte-coreana está no mesmo eixo de outros valentões globais que agora estão muito perto de conseguir o porrete nuclear, como o Irã. Os iranianos vivem o olhar de um único homem sobre a vontade divina. É uma teocracia áspera, com décadas de ameaças ao Ocidente, especialmente contra Israel — jurado de destruição pelos iranianos no poder.
Ódio como política de Estado
As situações do Irã e da Coreia do Norte se tornaram dois mísseis contra a paz mundial. As duas ditaduras fizeram da promessa de destruir os “inimigos” um dos pilares para manter o poder.
Ali Khamenei, o aiatolá, no controle da vida do Irã pregou em mais de uma oportunidade a destruição de Israel. Nesse contexto, o plano é uma mistura de retórica em casa e apoio aos terroristas à espreita. Um deles, o Hamas, que assassinou mais de mil israelenses e levou ao sequestro de milhares de reféns em 7 de outubro de 2023. A ordem era matar indiscriminadamente. O terror não poupou idosos, mulheres e crianças — até recém-nascidos viraram alvo da intolerância.
Na Coreia do Norte, por sua vez, há oficialmente uma guerra contra o vizinho do Sul. Mesmo sem disparos nas últimas sete décadas, o conflito segue em meio a um cessar-fogo temporário, sem nenhum acordo de paz sobre a mesa. Na prática, os governos disputam poder, enquanto famílias seguem separadas por fronteiras.
Onda para dentro
As divisões do mundo contemporâneo foram globalizadas. Os rompimentos encontraram terra fértil nos lares mundo afora. A separação dos políticos se tornou bandeira e levantou muros para separar dentro da própria casa.
Cozinhas, salas, quartos e até os banheiros viraram campos de batalha entre familiares. Dessa vez, sem bombas atômicas e guerras oficiais para travar, os brasileiros encararam a linha de frente. A onda de destruição se tornou radioativa e corrói o país e a civilização por dentro.