Por volta do ano de 2012, a crise financeira mundial iniciada em 2008 começava a apresentar alívio, após ter castigado duramente os Estados Unidos, a Europa e outros países.
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O Brasil havia sofrido menos com a crise, por ter sido beneficiado pelo bom momento das commodities, quando os preços das exportações brasileiras aumentaram bastante e porque o sistema bancário brasileiro era pouco integrado com o sistema financeiro mundial.
Naquele momento, 2012, o Brasil estava diante de sua terceira chance de crescer, após a segunda guerra, e reduzir a pobreza, mas vários analistas diziam que o Brasil poderia jogar fora mais essa oportunidade.
O Brasil já havia desperdiçado duas oportunidades depois da segunda guerra. A primeira foi no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), quando o plano de crescer “50 anos em 5” trouxe a indústria automobilística, construiu estradas e ampliou a malha rodoviária.
Mas nos anos seguintes a emissão de moeda feita por JK para pagar a construção de Brasília ajudou os governos tumultuados de Jânio e João Goulart a trazerem inflação elevada.
Em 1964, Roberto Campos (Ministro do Planejamento) e Otávio Gouveia de Bulhões (Ministro da Fazenda) implantaram um plano de austeridade e reformas econômicas e tiveram sucesso no combate à inflação.
Ali, parecia que o Brasil iria crescer, e até cresceu durante alguns anos, mas a inflação ressurgiu forte em 1979 e castigou o país durante 15 anos, veio a década perdida dos anos 1980 e, de novo, o país falhou.
A inflação somente foi vencida em 1994, com o Plano Real no governo de Fernando Henrique Cardoso, até 2012 quando, já no governo Dilma Rousseff, o Brasil começou caminhada de volta ao atraso e desperdício da terceira chance de crescer.
O Brasil tinha a chance de enriquecer antes de envelhecer, mas, perdeu a oportunidade. Mais recentemente, após as reformas feitas por Michel Temer, uma pandemia grave abateu-se sobre o mundo, prejudicou a economia e nosso país segue pobre e com baixa renda per capita.
Atualmente, já estamos indo para a metade desta década e o projeto de um Brasil desenvolvido, com baixa pobreza e sem miséria parece distante. Será que os políticos estão pensando nisso? O que você acha?
José Pio Martins, economista, professor, palestrante e consultor de economia, finanças e investimentos.