A taxação nas alturas e a burocracia confusa não são os únicos fatores do Custo Brasil. Outro grande problema é a concentração de mercado. Setores essenciais estão nas mãos de poucos grupos. Um deles é o da matéria-prima do plástico — que deve ficar ainda mais cara depois de um disparo do governo.
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Derivado do petróleo, o PVC é uma das principais matérias-primas para a produção de plástico, um produto presente em quase tudo o que se compra, doa ou joga fora. No fim de maio, o governo autorizou um salto recorde no imposto de importação sobre o material enviado pelos Estados Unidos: de cerca de 8% para quase 48%.
Trata-se de um dos maiores fornecedores externos para as fábricas brasileiras. Em 2024, os norte-americanos enviaram cerca de 95 milhões de litros de PVC para o Brasil. O volume corresponde a quase 25% de toda a importação nacional — e quem não compra no mercado internacional tem apenas dois fornecedores dentro do país: Braskem e Unipar, dupla que vende por volta de 70% do consumo nacional.
PVC: uma embalagem no Custo Brasil
A Braskem é a líder absoluta do mercado nacional. O país consome por volta de 1,3 milhão de toneladas de PVC por ano, e a empresa tem capacidade para fornecer 700 mil toneladas. A força não vem do acaso: a companhia tem dois sócios muito bem posicionados — sobretudo em Brasília.


As principais acionistas são a Petrobras (o gigante hegemônico na extração de petróleo do Brasil) e a Novonor (antiga Odebrecht). A dupla protagonizou as páginas policiais ao lado da petroleira. Os sócios (e seus diretores) apareceram nos inquéritos do Petrolão, o maior esquema de corrupção já revelado no país — uma trama feita de arranjos entre políticos e lobistas: o ingrediente mais tóxico do Custo Brasil.