Mesmo sem a presença de China, Rússia, Egito e Irã, encontro no Rio reforça o protagonismo do Brasil diante da reconfiguração da economia global, com o agronegócio como motor central dessa transformação. Vejam abaixo alguns números para melhor entendimento.
Brics em números
Cerca de 40% do PIB global é gerado pelos países do Brics — segundo estimativa de abril de 2025 do FMI
A projeção para 2025 indica um crescimento de 3,4% no PIB do bloco, acima da média global de 2,8%.
O grupo representa 40% da população mundial e 29–37% do comércio global
Força do agronegócio
Os Brics respondem por aproximadamente:
- 42% da produção mundial de trigo,
- 52% da produção de arroz,
- 46% da produção de soja
O agronegócio brasileiro exportou US$ 165 bilhões em 2024, sendo 41% dessas vendas destinadas a países do Brics.
Vamos à análise
Enquanto o mundo atravessa um momento de desorganização econômica e crescente tensão geopolítica, o Brasil se posiciona com firmeza no cenário internacional. A Cúpula dos Brics, realizada nesta semana no Rio de Janeiro, acontece em um contexto crucial: os Estados Unidos, tradicional líder da economia global, dão sinais de retração estratégica, abrindo espaço para uma nova ordem multipolar.
Apesar da ausência física de pesos-pesados como China, Rússia e Irã, o evento ganhou relevância por sinalizar que o grupo segue ativo e com papel importante no debate sobre o futuro da economia mundial. Para o Brasil, a cúpula é mais que um encontro diplomático — é uma vitrine de oportunidades e uma afirmação de protagonismo.
O país começa a preparar o terreno para ocupar espaços deixados pela instabilidade das potências tradicionais. E não é por acaso. O agronegócio brasileiro, cada vez mais competitivo e tecnologicamente avançado, tornou-se o grande motor de crescimento do país. Com exportações recordes, produtividade em alta e ampliação de mercados, o Brasil pode, em breve, figurar entre as sete maiores economias do mundo, um feito impensável há poucos anos.
Especialistas apontam que, ao lado da Índia e de países emergentes africanos e latino-americanos, o Brasil tem potencial para liderar um novo bloco de equilíbrio comercial, baseado na produção de alimentos, energia limpa e bens de origem sustentável.
No pano de fundo, a estratégia americana de tentar preservar sua hegemonia por meio de barreiras comerciais, tensões cambiais e políticas internas de desvalorização do dólar tem gerado efeitos colaterais perigosos. Para muitos analistas, essa postura poderá resultar, no futuro próximo, em um grave desequilíbrio econômico global.

*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural
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