
O plantio de soja no Brasil continua abaixo da média histórica, aumentando o risco de atraso na colheita e comprometendo a janela ideal para o milho safrinha. Segundo a plataforma Grão Direto, a lentidão preocupa produtores e agentes do mercado, pois qualquer descompasso no calendário pode afetar oferta, preços e competitividade ao longo de 2026.
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Clima como desafio
A irregularidade das chuvas no Centro-Oeste, Sudeste e Norte atrasa o avanço da safra 2025/26. A presença do La Niña, que deve persistir até o verão de 2026, intensifica o risco climático e amplia a instabilidade nas principais regiões produtoras.
No Sul, o risco de estiagens durante o período crítico das lavouras é elevado. O Centro-Oeste registrou chuvas recentes, mas ainda convive com a possibilidade de veranicos que podem comprometer o plantio. Na Argentina, o risco de seca e ondas de calor é mais severo, prejudicando o desenvolvimento inicial da safra e aumentando a volatilidade na Bolsa de Chicago.
Exportações ainda fortes, mas fora do ritmo
Apesar de o Brasil manter exportações recordistas no acumulado do ano, as projeções para novembro foram revisadas para baixo. O desempenho permanece sólido, porém já revela sinais de desaceleração que podem alterar o balanço de oferta e demanda no curto prazo.
China
As compras chinesas chamaram a atenção do mercado. Mesmo após a trégua comercial com os Estados Unidos, a China adquiriu soja americana mais cara que a brasileira, evidenciando um movimento mais político do que econômico.
Além disso, os estoques elevados, as margens negativas das esmagadoras e a demanda fraca por farelo reduzem o ímpeto por novas compras expressivas no curto prazo.
Mercado futuro e indicadores
O Índice de Soja FOB Santos registrou leve valorização, passando de 145,92 reais para 147,47 reais na semana, sustentado por um ambiente externo mais favorável. Em Chicago, os contratos de janeiro de 2026 subiram 0,98%, enquanto março de 2026 avançou 0,88%, indicando suporte moderado no mercado internacional.
O dólar recuou 1,30% no período, o que limitou parte da valorização interna, mas ainda assim o índice fechou em alta, refletindo ajustes nos prêmios e no mercado físico.
O que esperar do mercado?
Mesmo com a trégua comercial entre China e Estados Unidos, os estoques chineses continuam elevados, o que reduz o interesse por novas aquisições. As margens negativas da indústria e a demanda enfraquecida por ração reforçam a expectativa de importações mais controladas. Existem dúvidas sobre o cumprimento do compromisso de compra de 12 milhões de toneladas ainda este ano e, principalmente, sobre a meta de 25 milhões em 2026.
Exportações recordes no Brasil
Entre janeiro e novembro de 2025, o Brasil exportou mais de 104 milhões de toneladas de soja, superando as 95,7 milhões registradas no mesmo período de 2024. Mesmo após a revisão da ANEC para 4,40 milhões de toneladas em novembro, o volume permanece quase o dobro do apurado em 2024. A China segue como principal destino, respondendo por cerca de 80% dos embarques até outubro.
Argentina
O plantio avança de forma mais lenta que no ciclo anterior. Cerca de 12% das áreas enfrentam excesso de chuvas que dificulta a semeadura e pode reduzir a produtividade. Além disso, o La Niña eleva o risco de secas intensas.
Uma possível onda de calor em dezembro pode atingir o período mais sensível da cultura, comprometendo o potencial produtivo e elevando a preocupação no mercado internacional.
Cenário de cautela
A semana tende a manter o mercado em postura cautelosa. A combinação de incertezas na oferta sul-americana, demanda chinesa moderada e clima adverso na Argentina e no Sul do Brasil deve sustentar as cotações em Chicago.
O ambiente segue volátil, mas oferece oportunidades claras para quem acompanha tendência, clima e movimentos do mercado físico.


