Luiz Sayão – 09/05/2025 10h41

Foi surpreendente demais. O novo papa é pope. O primeiro líder da Igreja Católica norte-americano. Leão XIV, Robert Presvot, é um verdadeiro “melting pot citizen” dos EUA. Tem origem familiar francesa, italiana, dominicana e africana. É internacional com doutorado em Roma e missão religiosa no Peru. Sua eleição marca o turbulento cenário diverso do mundo atual em seu perfil religioso e secular.
Diante do cético secular que ao ouvir algo sobre fé diz: “me poupe”, o que dirá o Pope? Que reação terá a Europa Católica perante um inusitado papa vindo dos EUA? A Itália nominalmente católica tem 15% de frequência às igrejas. Entre os países mais seculares do mundo estão Bélgica e França, de histórica tradição de fé romana. O superestimado poder papal terá desafios enormes em seu espaço mais próximo.
O papa Presvot tem perfil conciliador peculiar. Parece escolha bem pensada. Não é conservador, muito menos progressista. Ao mesmo tempo, seu horizonte é difícil demais. Um homem simpático aos imigrantes, de coração peruano, terá caminho suave em seu próprio país? Os EUA são uma nação de predominância protestante separatista que se formou a partir de refugiados da intolerância religiosa europeia (católica e protestante). É esperar para ver se o Pope será pop em meio ao sério cenário imigratório e religioso na terra do Tio Sam.
Creio que o caminho do papa será latino-americano. Aqui o papa é pop. É o continente mais católico onde el papa será bienvenido. Depois de um argentino, por que não um quase peruano? Aliás, fã de esporte e torcedor do Alianza Lima! Final da copa? EUA x Peru. É demais! Mas terá el papa uma boa jogada a partir de sua formação agostiniana para conversar com a enorme comunidade evangélica latino-americana? Um contingente basicamente ex-católico. Que desafio!
Além disso, o tumultuado cenário político, com guerras e conflitos religiosos e ideológicos é ainda mais problemático. O mundo precisa de mudanças, as igrejas precisam de Reforma a partir das Escrituras. Isso começa em cada um de nós, mais do que em lideranças expoentes.
É esperar demais que um Pope pop, um papa, ou qualquer outro “papável” possa lidar com um mundo tão difícil de engolir.
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Luiz Sayão é professor em seminários no Brasil e nos Estados Unidos, escritor, linguista e mestre em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaica pela Universidade de São Paulo (USP). |
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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