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O que esperar do Brasil para estreia na Copa do Mundo feminina de Rugby?

Pela primeira vez na história, a seleção brasileira está entre as classificadas para a Copa do Mundo de Rugby. Além de representar um feito histórico nacionalmente, o Brasil se torna também a primeira seleção sul-americana a alcançar a competição. Esta é a 10ª edição da Copa do Mundo Feminina de Rugby, que teve sua lista de vagas ampliada de 12 para 16 equipes.

No Ranking oficial da World Rugby, federação internacional, o Brasil está na 25ª posição com 45.96 pontos. O Top 5 da tabela é formado por Inglaterra, Canadá, Nova Zelândia, França e Irlanda. As neozelandesas são as maiores campeãs com 6 conquistas (1998, 2002, 2006, 2010, 2017 e 2022), seguidas por Inglaterra com 2 (1994 e 2014) e EUA com 1 (1991). Por ser o debut do Brasil na competição, a treinadora assistente da equipe, Nívia Ferreira, destaca que a participação brasileira no mundial deve ser celebrada como fruto de um trabalho recente e eficaz.

“É celebrativo, é uma vitória imensa para o Brasil. Hoje estamos entre as 16 melhores, o que é incrível. Estamos trabalhando duro para esta Copa. O rugby é um esporte muito justo; é difícil ter zebras”, afirma Nívia à ESPN Brasil.

Historicamente, o Brasil se desenvolveu no Sevens, principalmente no feminino. “Houve uma tentativa de formar a primeira seleção de XV em 2010, mas depois tivemos um hiato para fortalecer o Sevens devido aos Jogos Olímpicos do Rio 2016. Hoje, o Brasil está entre as Top 10 potências no Sevens olímpico, e o Rugby XV brasileiro ainda depende muito do Sevens”, explica a treinadora.

Segundo a técnica, a classificação brasileira não é obra do acaso. “Apesar do foco recente na seleção de XV, pós-pandemia, são quatro anos jogando como clube, o que parece pouco, mas já nos proporcionou a classificação em uma Copa. Temos potencial como nação no Rugby XV, embora o mesmo feito ainda esteja mais distante no masculino”.

Apesar de o Rugby Sevens ter maior tradição entre as mulheres no Brasil, o Rugby XV é a modalidade mais difundida mundialmente e considerada a principal referência do esporte. Nos últimos anos, as Yaras construíram estratégias que as levaram à classificação, inclusive convocando atletas do Sevens.

“Não é um cenário exclusivo do Brasil. No mundo, os programas de Sevens e XV costumam compartilhar atletas, porque as capacidades físicas são úteis para ambas as modalidades e as regras são parecidas. Assim, a adaptação é possível. No nosso caso, as atletas de Sevens têm uma potência elevada devido à dinâmica do jogo, e mesmo convocadas de última hora, conseguem se adaptar. Além disso, esse é um desejo delas. Nos países mais tradicionais, como Austrália e Inglaterra, as jogadoras também buscam oportunidades no XV para disputar a Copa do Mundo”, completa Nívia.

A seleção conta com uma base de atletas que transitam entre as duas versões: Rugby XV e Rugby Sevens. Entre as 32 convocadas, 11 já representaram o Brasil em pelo menos uma edição dos Jogos Olímpicos no formato Sevens. Entre os destaques estão Luiza Campos e Raquel Kochhann, ambas com três participações olímpicas; Raquel ainda teve a honra de ser porta-bandeira do Time Brasil na Cerimônia de Abertura dos Jogos de Paris 2024.

Para desenvolver ainda mais a modalidade, a Confederação Brasileira de Rugby implementou algumas ações estratégicas. Em 2022, foi criado o campeonato regional BR XV para fomentar as categorias adulta e sub-19. Além disso, o projeto Nina direcionou esforços às categorias de base femininas nos clubes.

A Confederação também contratou o uruguaio Emiliano Caffera como treinador principal das seleções brasileiras masculina e feminina de Rugby XV. Caffera acumula experiência internacional: foi auxiliar técnico da seleção do Uruguai na Copa do Mundo de 2015 e jogador na edição de 2003. Em 2023, atuou como treinador de defesa do Chile, que estreou na Copa naquele mesmo ano.

Com sua chegada, o objetivo foi elevar o nível dos Tupis (seleção masculina) e das Yaras na busca por vagas no Mundial. Com as Yaras, a meta foi alcançada. Para Nívia, a presença de treinadores estrangeiros é natural e contribui para o desenvolvimento do rugby no país.

“A trajetória de qualquer jogador brasileiro passa por treinadores estrangeiros. Na minha carreira, tive técnicos neozelandeses, franceses, sul-africanos, escoceses, argentinos… Cada um ensina uma escola de rugby diferente. Até hoje, somos dependentes de estrangeiros à frente das seleções, há muita sede em adquirir esse conhecimento de fora. No Brasil, a iniciação ao esporte é tardia, muito vinculada aos jogos universitários, e as crianças raramente têm acesso ao rugby”, conclui.

Agora, as Yaras se preparam para entrar em campo e escrever o próximo capítulo da história do rugby brasileiro. Sobre a estreia, Nívia Ferreira destaca a ambição da equipe: “Temos data e hora para vencer um adversário, e esse adversário é a seleção sul-africana”. As Yaras estão prontas para estrear neste domingo (24), contra a África do Sul, às 10h45. O Disney+ transmite a partida de abertura, além de todos os jogos do Brasil na competição. Os outros confrontos da Copa do Mundo terão transmissão no Disney+ Premium.

Formato de disputa

São 16 seleções dos cinco continentes que se classificaram para o Mundial e foram divididas em quatro grupos.

As duas primeiras colocadas de cada chave avançam para as quartas de final com cruzamento olímpico, ou seja, a primeira do Grupo A enfrenta a segunda do B (e vice-versa), enquanto a primeira do Grupo C enfrenta a segunda do Grupo D (e vice-versa). A grande final está marcada para o dia 27 de setembro, com transmissão do Disney+.

Grupos

O Brasil está no grupo D com França, Itália e África do Sul. As Yaras estreiam contra as sul-africanas neste domingo (24) às 10h45. Depois, no dia 31, as brasileiras encaram as francesas às 12h45 e, por fim, encerram a chave de grupos contra as italianas no dia 7 de setembro, às 10h.

O grupo A é composto por Inglaterra, Austrália, Estados Unidos e Samoa. Após a partida de abertura, os jogos dessa chave serão nos próximos sábados.

O grupo B é formado por Canadá, Escócia, País de Gales e Fiji. As partidas dessa chave começam neste sábado (23) e serão realizadas nos dois sábados seguintes.

Por fim, o grupo C tem Nova Zelândia, Irlanda, Japão e Espanha. Os jogos dessas equipes também serão aos domingos, assim como no grupo do Brasil, nos próximos dias 24, 31 de agosto e 7 de setembro.

Yaras com reforços olímpicos

A seleção brasileira foi convocada no início de agosto para a disputa da Copa do Mundo de Rugby XV com alguns nomes que também representaram o Brasil nas Olimpíadas de Paris na modalidade Rugby Sevens.

Entre as Yaras está Raquel Kochmann, que não só disputou os Jogos Olímpicos como foi porta-bandeira do Time Brasil em Paris, e Luiza Campos, que já disputou três Olimpíadas.

Além delas, Bianca Silva, Camilla Ísis, Isadora Lopes, Leila Silva, Marcelle Souza, Mariana Nicolau, Marina Fioravanti e Yasmin Soares também estavam presentes nos Jogos da França no ano passado.

Qual a diferença entre o Rugby XV e o Sevens?

O rugby é um dos esportes mais populares do planeta e tem duas principais versões organizadas pela Rugby Union (União do Rugby em inglês): a XV e a Sevens.

A primeira é mais tradicional, tem 15 jogadoras de cada lado e os jogos são disputados em dois tempos de 40 minutos cada, com um intervalo de 15 minutos.

Já no Sevens, modalidade que entrou para as Olimpíadas em 2016, são 7 jogadoras de cada lado e com dois tempos de 7 minutos, sendo que o intervalo entre eles é curtíssimo, de até dois minutos.

Além dessas diferenças na quantidade de jogadores e na duração das partidas, os chutes de reinício também são específicos de cada modalidade.

No Rugby XV, a equipe que sofre o try (maior pontuação, quando a jogadora cruza a linha de fundo) reinicia a partida com um drop-kick (solta a bola e chuta). No Rugby Sevens, a equipe que marca o try é quem realiza o drop-kick para reiniciar o jogo.

O Scrum (formação ordenada) também existe nas duas variações, mas com especificades diferentes. No Rugby XV, oito atletas de cada equipe se enfileiram para disputar a bola, enquanto no Sevens, são apenas três de cada lado.

Além disso, a dinâmica dos jogos é bem diferente. Enquanto no XV é mais físico e truncado, com muitos chutes para avançar no campo, o Sevens é mais rápido e dinâmico, com mais pontuações e menos alternâncias de trocas de posse, por isso, com menos chutes.

As convocadas do Brasil para a Copa do Mundo de Rugby

  • Aline Mayumi – Pasteur (SP)

  • Ana Carolina Santana – Melina (MT)

  • Bianca Silva – Leoas de Paraisópolis (SP) e Nagato Blue Angels (Japão)

  • Camilla Ísis – El-Shaddai (RJ)

  • Carolyne Pereira – Melina (MT) e Grua (AM)

  • Dayana Dakar – Niterói (RJ)

  • Edna Santini – São José (SP) e São Miguel (Portugal)

  • Eshyllen Coimbra – El-Shaddai (RJ)

  • Fernanda Tenório – El-Shaddai (RJ)

  • Franciele Barros – Sporting (Portugal)

  • Giovana Mamede – Jacareí (SP)

  • Giovanna Barth – Maringá (PR)

  • Íris Coluna – Poli (SP)

  • Isabela Saccomanno – São José (SP)

  • Isadora Lopes – Melina (MT)

  • Julia Leni – Curitiba (PR)

  • Larissa Carvalho – Curitiba (PR)

  • Larissa Henwood – Counties Manukau (Nova Zelândia)

  • Leila Silva – Leoas de Paraisópolis (SP)

  • Letícia Medeiros – Jacareí (SP) e Bond University (Austrália)

  • Letícia Silva – Melina (MT)

  • Luiza Campos – Charrua (RS)

  • Marcelle Souza – El-Shaddai (RJ)

  • Maria Gabriela Graf – Desterro (SC) e Brothers (Austrália)

  • Mariana Nicolau – São José (SP)

  • Marina Fioravanti – Poli (SP)

  • Natalia Jonck – Brothers (Austrália)

  • Pâmela Santos – Charrua (RS)

  • Raquel Kochhann – Charrua (RS) e Desterro (SC)

  • Samara Vergara – Pasteur (SP)

  • Taís Prioste – Bobigny (França)

  • Yasmim Soares – Melina (MT)

Calendário do Brasil na Copa do Mundo de Rugby XV

  • Brasil x África do Sul – 24 de agosto, 10h45

  • Brasil x França – 31 de agosto, 12h45

  • Brasil x Itália – 7 de setembro, 10h45

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