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o sistema financeiro global entrou em zona de risco

O sistema financeiro mundial começa a enviar sinais inequívocos de que entramos em território perigoso. Um dado histórico chama a atenção: pela primeira vez em décadas, o ouro superou todas as commodities em desempenho, deixando para trás petróleo, grãos e metais industriais.

Esse movimento não é um simples capricho de mercado. Ele traduz a busca desesperada por ativos reais e seguros diante de um cenário global marcado por riscos crescentes. O principal deles é a dívida total dos países, que já se aproxima de US$ 350 trilhões — o equivalente a pouco mais de 300% do PIB mundial em média linear. Trata-se de um patamar que, diante da alta dos juros nos Estados Unidos, beira o impagável.

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A escalada das taxas de juros no maior centro financeiro do planeta é, em grande medida, resposta à inflação pressionada por políticas econômicas erráticas e ações agressivas do presidente norte-americano, Donald Trump. Tarifas unilaterais, guerras comerciais e decisões intempestivas têm desorganizado cadeias produtivas, elevado custos e aumentado a volatilidade das matérias-primas.

Mas a tempestade não se limita ao campo econômico. A desaceleração do crescimento global, os conflitos militares que se arrastam sem solução, as mudanças climáticas e o retrocesso do multilateralismo compõem um cenário de instabilidade permanente. É um coquetel perigoso que pressiona mercados, derruba expectativas e encarece o capital.

Ao contrário de crises passadas, que surgiram de forma inesperada, os chamados “cisnes negros”, desta vez o alerta é um “cisne branco”: um risco anunciado, visível a todos, mas negligenciado por lideranças políticas mais preocupadas em alimentar polarizações do que em enfrentar a gravidade dos fatos.

O mundo parece cego diante de sua própria fragilidade, conduzido por uma elite política que, em vez de buscar soluções, aposta na retórica vazia e em disputas ideológicas estéreis.

Enquanto isso, investidores globais já se protegem, migrando para o ouro e outros ativos que preservam valor em tempos de turbulência.

Se nada mudar, não será a surpresa que derrubará o sistema, será a previsibilidade de um colapso anunciado, ignorado por aqueles que deveriam liderar a prevenção.

Miguel Daoud

*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural


Canal Rural não se responsabiliza pelas opiniões e conceitos emitidos nos textos desta sessão, sendo os conteúdos de inteira responsabilidade de seus autores. A empresa se reserva o direito de fazer ajustes no texto para adequação às normas de publicação.

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