A doutora em direito internacional, Priscila Caneparo, em entrevista à CNN Brasil, afirmou que o objetivo de Israel não é mais um cessar-fogo ou a paz, mas sim eliminar o Hezbollah. Essa declaração lança luz sobre as possíveis estratégias que Israel pode adotar em suas ações contra o grupo libanês.
A especialista traçou um paralelo entre as ações militares de Israel em Gaza contra o Hamas e o que pode ser esperado em relação ao Hezbollah. Segundo Caneparo, é provável que vejamos uma abordagem semelhante, caracterizada por três aspectos principais.
Ação militar intensa e impacto civil
Primeiramente, a especialista prevê uma ação extremamente violenta, onde “é passada por cima de tudo para atingir o objetivo, em uma perspectiva de população civil”. Isso sugere que as operações militares podem ter um impacto significativo sobre os civis nas áreas afetadas.
Em segundo lugar, Caneparo alerta para a possibilidade de ocorrência de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, citando preocupações expressas pela comunidade internacional, incluindo a Organização das Nações Unidas e o Tribunal Penal Internacional.
Objetivos além da defesa nacional
Por fim, a doutora argumenta que o objetivo central das ações de Israel não é apenas a defesa dos interesses do povo israelense, mas sim atender aos objetivos dos partidos ultra ortodoxos e do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de eliminar o Hezbollah, assim como buscaram fazer com o Hamas. Caneparo ressalta que, embora a sociedade israelense inicialmente desejasse a libertação dos reféns em Gaza, e agora busque a pacificação da “Zona Azul” no sul do Líbano (estabelecida pela Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU em 2006), o governo israelense parece ter uma agenda mais ampla.
A especialista conclui alertando que, apesar dos esforços de Israel, a eliminação completa de grupos como o Hezbollah pode ser um objetivo inatingível, uma vez que “esses grupos extremistas são uma ideia, não um grupo materializado”. Esta observação sugere que o conflito pode se estender além das operações militares convencionais, adentrando esferas ideológicas e políticas mais complexas.
Confira a entrevista completa: