A conselheira da Causa Animal do Grupo aRede, Érika Zanoni Fagundes Cunha, explica que as obras de pavimentação são importantes, mas comprometem o meio ambiente se não forem realizadas de maneira sustentável. Para ela, os projetos de Ponta Grossa – leia a reportagem aqui – devem ser acompanhados de iniciativas de arborização. Por fim, Érika destaca que uma cidade moderna precisa “pavimentar o futuro sem apagar a natureza”.

Confira abaixo a opinião na íntegra da Érika, que é médica veterinária, especialista em Neurociência Clínica, mestre em Ciências Veterinárias, doutora em Zoologia e pós-doutora em Direito Animal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR):

“A pavimentação é parte essencial do desenvolvimento urbano e da melhoria da mobilidade, mas precisa ser pensada de forma integrada à sustentabilidade e ao bem-estar das diferentes formas de vida que compartilham o espaço urbano.

O avanço do asfalto altera o microclima das cidades: ele absorve e irradia calor, elevando as temperaturas e tornando o ambiente hostil não apenas para as pessoas, mas também para os animais domésticos, silvestres e errantes.

Cães e gatos de rua sofrem queimaduras nas patas, insolação e desidratação. Já a fauna urbana perde áreas de sombra e abrigo, especialmente aves, répteis e pequenos mamíferos que dependem de terrenos naturais para forragear e nidificar. Cada novo projeto de pavimentação deveria, portanto, incluir compensações ecológicas, como arborização adequada e materiais que ajudem a reduzir a temperatura superficial.

Outro ponto crucial é a impermeabilização do solo, que aumenta o escoamento superficial e contribui para enchentes, fenômeno que desabriga não apenas famílias, mas também inúmeros animais. Esse processo contamina cursos d’água e destrói abrigos naturais. Por isso, é fundamental defender o uso de pavimentos permeáveis, jardins de chuva e corredores ecológicos, especialmente em áreas próximas a praças, parques e reservas.

Com o crescimento das vias asfaltadas, também aumenta o número de veículos e, com eles, o risco de atropelamentos de animais. Incluir sinalização de travessia de fauna, lombadas próximas a áreas verdes e campanhas de conscientização é uma forma de integrar a pauta animal à de infraestrutura urbana. Da mesma maneira, pensar em rotas seguras e calçadas sombreadas beneficia tutores que caminham com seus animais e incentiva uma cidade mais acolhedora.

Mais do que vias pavimentadas, precisamos de uma cidade planejada com consciência ecológica, que una progresso, segurança e respeito à vida em todas as suas formas. Esse é o verdadeiro sentido de uma cidade moderna: pavimentar o futuro sem apagar a natureza“.

CONSELHO DA COMUNIDADE – Composto por lideranças representativas da sociedade, não ocupantes de cargo eletivo, totalizando 14 membros, a iniciativa tem o objetivo de debater, discutir e opinar sobre pautas e temas de relevância local e regional, que impactam na vida dos cidadãos, levantados semanalmente pelo Portal aRede e pelo Jornal da Manhã, com a divulgação em formato de vídeo e/ou artigo.

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