Pesquisadores da Embrapa testaram óleos essenciais de três espécies do gênero Piper (Piper collosum, Piper hispidum e Piper marginatum) e descobriram que eles são eficazes no combate a vermes que atacam as brânquias do tambaqui, o peixe mais manejado do país.
Além de proteger a saúde dos peixes, os óleos oferecem uma alternativa natural aos produtos químicos usados tradicionalmente, que podem intoxicar trabalhadores, poluir o ambiente e favorecer a resistência dos parasitas.
Mas antes de chegar ao óleo, é preciso cultivar e colher essas plantas de forma adequada. O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Francisco Célio conta como funciona o processo de produção e cultivo das espécies.
“As Piperaceas geralmente são multiplicadas, produzidas e levadas para o campo a partir de plantas formadas por sementes. A Piper marginatum e a Piper hispidum produz sementes sem problema e se propaga também por estacas. Já a Piper collosum não produz sementes viáveis, é necessário fazer a estaquia dessa espécie” explica.
Segundo o pesquisador, após cerca de 60 dias, as mudas são levadas para cultivo em viveiros e, após 90 a 100 dias, as plantas são cortadas, secas à sombra e enviadas ao laboratório para extração dos óleos essenciais.
As substâncias químicas mais potentes foram identificadas em análises realizadas por pesquisadores do Rio de Janeiro.
Banhos terapêuticos e resultados promissores
Os pesquisadores realizaram os testes em tambaquis, o Piper callosum foi aplicado em banhos de 20 minutos, com intervalo de 24 horas, enquanto o Piper hispidum foi usado em três banhos de uma hora cada, com intervalo de 48 horas.
Os óleos alteram a membrana dos parasitas, prejudicando sua fixação nas brânquias e facilitando a eliminação. Durante os testes, nenhum peixe morreu e não houve sinais de toxicidade.
Benefícios dos óleos essenciais
O pesquisador da Embrapa Amapá, Marcos Tavares, destaca os benefícios dos banhos usando os óleos essenciais.
“Os óleos essenciais são uma alternativa aos quimioterápicos que geralmente são utilizados para combater parasitas na piscicultura, especialmente em tambaqui, mas também em outras espécies. Seja qual for a espécie de parasita, incluindo os monogenéticos que acometem as brânquias do tambaqui”, explica.
O próximo passo dos pesquisadores é validar os resultados em tanques comerciais e desenvolver um modelo de produção em escala das plantas.