O Brasil vive uma realidade impressionante e muito ruim no UFC em 2025: não consegue ganhar nenhuma luta principal. Até agora, o país estrelou nove main events contra atletas gringos (excluindo Mackenzie Dern x Amanda Ribas, onde ambas representavam o Brasil) e perdeu os nove!
E isso é bem preocupante porque o espaço em uma luta principal é reservado para os principais lutadores. Ou seja: os principais brasileiros não estão conseguindo brilhar na hora H no UFC.
Mas por que isso está acontecendo? Acabou o encanto e o talento nacional?
Não há uma explicação concreta. Mas certamente não é exatamente por falta de qualidade.
Primeiro é necessário analisar como vieram as derrotas. Das nove lutas, o Brasil era azarão nas apostas em seis delas: Renato Moicano x Islam Makhachev, Diego Lopes x Alexander Volkanovski, Carlos Prates x Ian Garry, Deiveson Figueiredo x Cody Sandhagen, Gilbert Durinho x Michael Morales e Charles do Bronx x Ilia Topuria.
Diego Lopes e Carlos Prates são as grandes promessas do Brasil nesse grupo e chegaram a ter chances de vencer (o primeiro fazendo luta bem equilibrada e o segundo apertando o ritmo e quase conseguindo o nocaute no final). Mas acabaram subindo diante de rivais com mais experiência dentro do UFC (Volkanovki com seu legado sendo um dois maiores da história e Garry que é uma promessa com muito mais rodagem dentro do octógono).
Já Deiveson Figueiredo, Gilbert Durinho e Charles do Bronx viveram o lado oposto: eram os veteranos de suas lutas e acabaram nocauteados por promessas.
Renato Moicano é um terceiro caso: já seria muito azarão contra Islam Makhachev e ainda aceitou a luta um dia antes, substituindo o lesionado Arman Tsarukyan.
Entre os que eram favoritos, Alex Poatan está em uma categoria diferente. Apesar de campeão e um dos maiores nomes do UFC, ele fazia uma luta equilibradíssima contra Magomed Ankalaev. E perdeu em uma decisão que muitos contestaram.
As duas derrotas mais difíceis foram de Gregory Robocop e Xicão Teixeira, que enfrentavam rivais veteraníssimos (Jared Cannonier e Derrick Lewis) e que deveriam catapultá-los rumo ao topo. Mas ambos acabaram nocauteados.
Ou seja: as derrotas vieram de tipos de lutadores diferentes, em posições diferentes na carreira.
Isso mostra que o Brasil está perto de mais uma troca de gerações. Nomes como Poatan, Charles e Durinho estão se encaminhando mais para a reta final da carreira, enquanto outros estão chegando.
O ponto de atenção é que talvez a nova geração ainda não esteja 100%. Alguns ainda não conseguiram chegar ao posto de main event (como Caio Borralho, Jean Silva e Maurício Ruffy). Outros pareceram ter sido muito apressados (caso de Xicão Teixeira).
Em uma análise maior, o Brasil venceu 42 das 94 lutas contra gringos que fez no UFC em 2025 (foram outras 50 derrotas, um empate e uma luta sem resultado). O aproveitamento é abaixo dos 50%, mas não é alarmante. É até normal para o segundo país com mais lutadores contratados na organização – e um número parecido com o dos anos anteriores.
Olhando para os rankings, o Brasil ainda tem um campeão (Alexandre Pantoja) e ocupa 15 das 120 posições nos rankings masculinos e 20 das 60 posições nos rankings femininos. Tudo está alinha para que dois ou três cinturões tenham um brasileiro como próximo desafiante (Amanda Nunes, Virna Jandiroba e Alex Poatan) – além de Natália Silva, que é número 1 de sua categoria, mas ainda não tem papos mais concretos para lutar com Valentina Shevchenko.
A diferença é que o MMA é um esporte cada vez mais global. Estão surgindo lutadores bons de muitos outros lugares. Países como a Espanha surgiram. Até Myanmar deve ter um desafiante (justamente contra o brasileiro Alexandre Pantoja). E os lutadores russos e de ex-repúblicas soviéticas – uma parte do mundo que costuma brilhar em esportes de combate – também chegaram com tudo ao UFC.
Em resumo, o Brasil ainda tem (muito) talento, mas ainda vive uma fase de transição de atletas e enfrenta um cenário cada vez mais competitivo – muito mais difícil que antes.
Quem pode quebrar a zica?
O Brasil já sabe os próximos dois eventos em que terá um representante na luta principal:
Curiosamente, ambos lutam nas terras rivais (eventos na China e França, respectivamente). Jhonny Walker deve chegar como azarão contra uma das grandes promessas do UFC. Já Caio Borralho fez um duelo bem equilibrado entre dois atletas promissores,