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OPINIÃO: São Paulo de Casares e Crespo explode: sem comando, sem time, sem rumo

Nada mais simbólico para o São Paulo, já em um péssimo ano, que tomar um 6 a 0 histórico e com direito a olé de um Fluminense comandado pelo seu ex-técnico, Luis Zubeldía.

O sucessor, Hernán Crespo, apático como o time, repete nesta passagem o que fez na primeira e mostra, apesar da lista interminável de desfalques, que não tem (pelo menos ainda) repertório para lidar com um clube gigante em um período de política oscilante e de comando fraco e tolerante com vexame atrás de vexame.

A administração Julio Casares, na reta final do quinto de seis anos de dois mandatos consecutivos, começou e manteve-se por muito tempo com papinho de sobra. Palavras bonitas de um mandatário que fala muito bem, mas lidera e rege muito mal.

Sim, o time acabou com o jejum de títulos, mas e o resto, presidente… Cadê a redução da dívida? Onde está, na prática, o plano de fazer o clube sofrer por alguns anos para voltar à primeira prateleira e a ser competitivo de fato a ponto de brigar com Flamengo e Palmeiras? E o comando firme, para vetar contratações como as de Rigoni e Dinenno e/ou cobrar determinados e caros atletas, como Wendell, e/ou, ainda, demitir/trocar o executivo de futebol, Rui Costa, o diretor de futebol, Carlos Belmonte, e até o coordenador técnico, Muricy Ramalho? E o trabalho para identificar de uma vez por todas o que acontece com este departamento médico?

Após a hecatombe no Maracanã, Luiz Gustavo, de carreira longa, sólida e vitoriosa, fez o desabafo que escancara o quanto a frouxa e fraca gestão atual já chegou ao vestiário, aos jogadores; Rui Costa também teve hombridade e foi a público, sim, para dizer o óbvio, mas um óbvio que nestes momentos vale pela atitude – Casares e Belmonte não estavam com o grupo no Rio de Janeiro, simbólico também, para dizer o mínimo.

E aí, veio a coletiva de Crespo, sempre com muita transparência e palavras fortes. Entre outras coisas, disse que a diretoria, ao lhe contratar, afirmou claramente que até dezembro não haveria dinheiro, era se virar com o que desse. Ele também não garantiu que fica para 2026, vai ver se o que lhe foi/está sendo prometido em termos de planejamento para o próximo ano será cumprido – parece ingenuidade demais do argentino em acreditar.

Mas as palavras de Crespo – e a situação geral do clube – também camuflam a sua culpa no fraquíssimo futebol do São Paulo. Assim como em 2021, quando levou a equipe ao título paulista no começo do ano e acabou com a seca que já vinha desde o fim de 2012, com a taça da Sul-Americana, seu trabalho começou muito bem e depois desandou, culminando com sua saída em outubro daquele ano após eliminações para Palmeiras e Fortaleza na Libertadores e na Copa do Brasil, respectivamente, e com o time em um modestíssimo 13º lugar no Brasileiro. Deixou o clube oficialmente em comum acordo e com 57% de aproveitamento (53 partidas, com 24 vitórias, 19 empates e 10 derrotas).

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Agora, o argentino, anunciado em 18 de junho deste ano justamente para o lugar de Zubeldía, que deixou o clube em 15º lugar do Brasileiro com 12 pontos, de novo largou muitíssimo bem, especialmente na principal competição nacional. Após a estreia com derrota para o Flamengo (2 a 0), foram oito partidas de invencibilidade, com direito a seis vitórias (Corinthians, Juventude, Fluminense, Internacional, Vitória e Atlético-MG), 20 pontos ganhos de 27 disputados e, o principal, um bom futebol apresentado.

Parecia um ressurgimento. Só parecia. As quedas em Copa do Brasil, para o Palmeiras com polêmica de arbitragem, e Libertadores, com derrotas na ida e na volta para a LDU-EQU, já mostraram que não era bem assim. E quando restou apenas o Brasileiro a se disputar, a coisa piorou. Sim, as baixas continuaram e até aumentaram, caso do jogo do vexame contra o Fluminense, em que foram 15 os desfalques (por lesão e suspensão) e só 21 atletas à disposição, mas nada se viu de estratégico, de organização, de inteligência para se atuar em um cenário tão adverso.

Com um elenco bem mais modesto e barato, o Mirassol do técnico sem grife Rafael Guanaes faz uma campanha histórica no Brasileiro e já está garantido na Libertadores do próximo ano. Seus atletas mais conhecidos são os experientes goleiro Walter, ex-Corinthians, e o lateral-esquerdo Reinaldo, ex-São Paulo, outra coisa simbólica, uma vez que o clube do Morumbis o deixou ir e ao longo do ano não conseguiu ver nenhuma de suas apostas vingarem – Wendell, Enzo Díaz, contratados, e Patryck, da base.

Zubeldía saiu do São Paulo com aproveitamento geral de 55% (83 jogos, 37 vitórias, 26 empates e 20 derrotas); no Fluminense, já tem 64,2% de aproveitamento no Brasileiro em 14 partidas (8 triunfos, 3 igualdades e 3 reveses), isto é, levou 27 dos 42 pontos que disputou, resultados que colocaram o time carioca na quinta posição da tabela com 58 pontos – 10 a mais que o São Paulo, oitavo.

Na atual passagem, Crespo chegou a 30 jogos no comando tricolor e tem apenas 45,5% de aproveitamento dos pontos disputados (só ganhou 41 de 90), agora com mais derrotas que vitórias (13 a 12) – são 5 empates. São 10% a menos de aproveitamento na comparação com seu compatriota e antecessor e 12% a menos em relação a si mesmo, no recorte de seu primeiro período como técnico do clube.

O São Paulo de Casares e Crespo já explodiu. Não se vê comando, não se vê time – em termos de futebol e também de jogadores aptos a irem a campo – e não se vislumbra qualquer rumo. Resta saber se será possível juntar os cacos e recomeçar.

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