A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de restabelecer o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), derrubando a revogação feita pelo Congresso Nacional, provocou reação imediata de parlamentares da oposição. Para eles, a decisão simboliza mais um episódio de usurpação das prerrogativas do Legislativo e acentua o desequilíbrio entre os Poderes da República.
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Moraes manteve, por decisão individual, os principais pontos do decreto do presidente Lula que amplia a arrecadação via IOF, estimada em R$ 12 bilhões em 2025 e mais de R$ 31 bilhões em 2026. Apenas a cobrança sobre as operações de “risco sacado”, uma modalidade financeira comum no varejo, foi suspensa, reduzindo parte da arrecadação prevista.
A deputada Júlia Zanatta (PL-SC) classificou o momento como a “humilhação do Congresso Nacional“. Em suas redes, afirmou: “Alexandre de Moraes faz o que Lula queria e dá de presente 20 bilhões em arrecadação, ignorando totalmente a votação dos representantes do povo”.
Humilhação do Congresso Nacional pacote completo hoje.
1. Alexandre de Moraes faz o que Lula queria e dá de presente 20 bilhões em arrecadação ignorando totalmente a votação dos “representantes do povo”.
2. Lula faz algo que preste e VETA aumento de número de deputados…
— Júlia Zanatta (@apropriajulia) July 16, 2025
O sentimento de desrespeito institucional foi compartilhado pela deputada Bia Kicis (PL-DF), que disparou: “Se o Congresso não reagir agora, pode fechar as portas. Chega de interferência no Poder Legislativo!”
O deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) fez críticas mais detalhadas à conduta de Moraes, ao afirmar que um único ministro validou, monocraticamente, o decreto presidencial. “Atropelou a decisão do Congresso” e subverteu o art. 49, V, da Constituição.
Um único ministro, monocraticamente, em uma cautelar, decidiu validar o decreto do Lula sobre IOF. Não estamos em uma juristocracia?
Atropelou a decisão do Congresso Nacional e o voto da maioria de deputados e senadores.
Primeiro inventou uma conciliação, criando audiência para…
— Alexandre Ramagem (@delegadoramagem) July 16, 2025
O ministro justificou sua decisão com base na Constituição e na Lei nº 8.894/1994, que permitiria ao Executivo alterar alíquotas de tributos com função extrafiscal, como o IOF. Para Moraes, não houve desvio de finalidade na elevação do imposto, nem violação do princípio da legalidade tributária, com exceção do caso do “risco sacado”.
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) foi ainda mais enfático: “A partir de hoje a Constituição foi alterada e temos somente dois Poderes: O Executivo e a Assessoria Jurídica do Governo, mais comumente chamada de STF. O Congresso Nacional pode fechar já.”
Alexandre de Moraes derruba adecisão do Congresso restabelecendo o aumento do IOF. A partir de hoje a Constituição foi alterada e temos somente dois Poderes: O Executivo e a Assessoria Jurídica do Governo, mais comumente chamada de STF. O Congresso Nacional pode fechar já.
— Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) July 16, 2025
A decisão faz parte de um imbróglio institucional que começou em maio, quando o governo federal editou o decreto elevando o IOF com potencial arrecadatório bilionário. Depois de forte reação no Congresso, parlamentares aprovaram um decreto legislativo que anulava a medida. Em resposta, o governo recorreu ao STF.