A Polícia Civil do Paraná informa que, prosseguindo nas investigações relacionadas ao homicídio de Emanuel Benicio Rodrigues Stefanczuk, uma criança de apenas dois meses, assassinada pelo próprio pai, Lucas Rodrigues Soares, que foi preso em flagrante no dia 19 de julho de 2025, foram identificadas outras agressões a crianças pelo investigado.
Após a identificação de registros envolvendo agressões a outra criança de três anos em 2016, quando o investigado teria dado um tapa no rosto do enteado, deixando uma lesão em seu rosto. Assim como outra ocorrência em 2021, em que Lucas teria agredido outra criança de dois meses, causando-lhe fratura no fêmur (que chegou a quebrar). Foram realizadas diligências em que se descobriu que o investigado possui em seu histórico outras situações que apontam para a prática de agressões com objetivo de causar dor e sofrimento em crianças de pouca idade.
Foram identificadas situações de agressões a outras duas ex-companheiras do investigado, inclusive com tentativa de feminicídio, além de agressões a filhos e enteados de Lucas, todos com tenra idade.
Em uma das ocasiões, uma das ex-companheiras de Lucas relatou que, em 2017, teria notado marcas de mordida no corpo do filho do casal, quando este tinha cerca de dois meses, dizendo ainda que, dada a intensidade das mordidas, teria percebido a marca da arcada dentária no corpo do infante. Na ocasião, o investigado teria afirmado tratar-se de “brincadeira”.
Foi relatado ainda pela testemunha que em determinada ocasião Lucas teria jogado o gato de estimação da família em seu enteado, enquanto este tomava banho, quando a vítima tinha apenas dois anos.
As investigações identificaram ainda que em setembro de 2016 o homem tentou matar por estrangulamento uma de suas ex-companheiras, que por medo, não denunciou na época. Na ocasião, Lucas teria dito que não a matou apenas, pois teria lhe faltado força para continuar a pressionar seu pescoço.
Outra ex-companheira do investigado informou que em determinada ocasião sua madrasta teria visto o suspeito dando uma superdose de medicamento para seu filho, que tinha poucos dias de vida e que nasceu com uma lesão na clavícula. A testemunha relatou que ao ser questionado, Lucas teria dito que a alta dosagem “era melhor para ele não sentir dor”.
Foi dito ainda que após quebrar o fêmur de seu filho, com apenas dois meses de idade, Lucas teria tentado impedi-la de procurar ajuda, tendo desaparecido em seguida.
Vale apontar que todas as ex-companheiras de Lucas relataram que quando estavam presentes, o investigado era prestativo e demonstrava ter cuidado com as crianças, e que as lesões apareciam sempre quando Lucas ficava sozinho com os filhos ou enteados enquanto as mães saíam para trabalhar.
De acordo com o Delegado dr. Luís Gustavo Timossi, as investigações apontam de forma consistente um padrão de atuação do suspeito, que se aproveitava das oportunidades em que as mães das crianças saíam para trabalhar para praticar as agressões contra os filhos ou enteados.
O Delegado informou ainda que foi solicitada a realização de exame, junto à Polícia Científica, para verificar se o investigado possui transtorno de personalidade, pois o comportamento sádico, caracterizado pela crueldade verificada, indica traços de psicopatia.
As investigações não descartam a existência de outras vítimas e prosseguem para a responsabilização do investigado por todos os crimes identificados.
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Delegado Luís Gustavo Timossi dá detalhes sobre o caso | Autor: Polícia Civil
RELEMBRE O CASO – No dia 19 de julho de 2025, foi efetuada a prisão em flagrante de um homem de 37 anos pelos crimes de homicídio qualificado e lesão corporal no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher.
O suspeito foi preso após a morte de Emanuel Benício Rodrigues Stefanczuk, uma criança de apenas dois meses de idade, filho do acusado. A mãe da vítima, que também sofreu agressões físicas, procurou a Base Regional da Guarda Municipal para solicitar socorro médico para a criança, momento em que foi constatado o óbito.
Durante o atendimento, foram identificados sinais de agressão na criança, bem como ferimentos na genitora, que relatou ter sido agredida pelo companheiro quando tentou buscar ajuda médica para o filho do casal.
As investigações apontaram que a vítima foi assassinada horas antes, enquanto estava na companhia de seu pai na residência do casal. Foi relatado ainda por uma testemunha que, na noite do crime, Emanuel, que tinha apenas dois meses de idade, teria sido chamado de “bastardo” durante uma discussão do casal.
Após matar seu filho, o investigado teria ido sozinho buscar sua companheira, que trabalhava em uma boate. Demonstrando total descaso com o infante, o acusado e sua companheira passaram em um posto de gasolina para comprar cervejas antes de retornarem à residência.
As investigações identificaram ainda que a criança já vinha sendo negligenciada desde o nascimento por seus genitores, motivo pelo qual ambos são investigados também pela prática de maus-tratos.
O delegado Luís Gustavo Timossi, responsável pelo caso, ressalta que “a frieza e crueldade demonstradas pelo suspeito são absolutamente inaceitáveis e revelam uma torpeza moral que nos deixa estarrecidos. Estamos diante de um caso que reúne os elementos mais desprezíveis da violência: o assassinato de uma criança indefesa de apenas dois meses de idade pelas mãos de quem deveria protegê-la – seu próprio pai. A brutalidade deste ato é agravada pelo completo descaso demonstrado após o crime, quando o investigado foi buscar a companheira e ainda pararam para comprar bebidas, como se nada tivesse acontecido”.
O investigado segue preso preventivamente.