O diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Diogo Abry Guillen, afirmou nesta sexta-feira, 27, que o debate sobre cortes na taxa Selic é “precoce”. Durante participação em evento organizado pelo Banco Barclays em São Paulo, ele destacou que a autoridade monetária mantém a orientação de manter juros elevados por um período prolongado.
“Esse parece um debate muito distante, o debate de corte não faz parte do Copom”, declarou Guillen ao comentar a possibilidade de flexibilização da taxa. Ele ressaltou que, no entendimento do BC, não houve mudança significativa na função-reação da política monetária.
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O diretor enfatizou que o BC monitora as variáveis macroeconômicas antes de tomar qualquer decisão, mas reiterou que é “precoce” a autoridade monetária “elucubrar” ajustes de queda nos juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic para 15% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas.
De acordo com Guillen, a decisão se fundamenta no comportamento persistente da inflação, que permanece acima da meta de 3% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional e do limite superior do intervalo de tolerância, de 4,5%. “O ponto é que tem quase um ano rodando acima da média os núcleos”, explicou, em referência aos núcleos de inflação que desconsideram itens voláteis.
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O diretor ressaltou ainda que, além da inflação corrente elevada, as expectativas para os índices de preços continuam “desancoradas”. “Isso causa desconforto, principalmente pelo longo período de desancoragem das expectativas”, observou. Para Guillen, os movimentos recentes do Copom mostram o esforço do BC para promover a convergência da inflação rumo à meta.
Ao comentar a decisão de interromper temporariamente o ciclo de aumentos, Guillen disse que se trata de uma “pausa para olhar” e “avaliar” se os sucessivos ajustes já realizados são suficientes para atingir o objetivo de reduzir a inflação. Segundo ele, o impacto total da política monetária restritiva “ainda está por vir”.


O BC revisou de 1,9% para 2,1% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025. Já a estimativa de inflação para este ano passou de 5,1% para 4,9%. A autoridade monetária afirmou que essa desaceleração da inflação é esperada em razão da manutenção de juros elevados.
Perguntado sobre a possibilidade de recondução ao cargo depois do fim de seu mandato, previsto para dezembro de 2025, Guillen respondeu que essa não é uma preocupação imediata. “Não tem sido um assunto por enquanto”, afirmou. Ele reiterou que, no momento, o foco está concentrado em trazer a inflação ao patamar estabelecido pelo BC.
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