fbpx
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Para onde foi o romance? Paulo Netto reflete sobre a música romântica no Brasil

“A música romântica é quase um grito de alerta para a gente ter coragem de falar de amor.”

Quem defende é Paulo Netto, o cantor e compositor que encontrou em versos como os de Belchior, Odair José e Reginaldo Rossi parte da inspiração para suas próprias canções.
Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Paulo refletiu sobre a importância do romantismo para sua carreira e para a música brasileira – de onde a ótica do amor parece ter virado, nos últimos anos, para a paixão sexual ou para a famigerada sofrência.

Na MPB, o amor vai ficando um pouco mais filosófico e intelectual. Mas você pega os grandes cantores populares, os grupos de pagode, enfim, Péricles, Thiaguinho… Aí você vai no sertanejo, fala-se muito de amor e das dores de amores”, explicou.

Paulo reflete que em tempos de redes sociais e relacionamentos superficiais, o medo de se machucar tem afastado as pessoas do romantismo e do amor romântico em sí, mas apesar das transformações que a música enfrenta através do tempo, Paulo acredita que o amor ainda tem um papel crucial na música brasileira.

Tema maior no cancioneiro brasileiro do século passado, o romance está em nomes como Roberto Carlos, Erasmo Carlos e outros nomes da Bossa Nova e da Jovem Guarda, terreno fértil para o que Paulo define como uma “crônica” da vida cotidiana.

Eu acho que o amor romântico, mesmo nas suas formas mais populares, é uma crônica da vida, das experiências e das emoções que todo mundo vive. Essas canções capturam histórias e sentimentos que são universais, e por isso elas continuam a ressoar com tanta força.”

Diante disso, surge a pergunta: será que o amor romântico ainda existe na música brasileira? Para Paulo Netto, a resposta é sim. Ele acredita que, apesar das transformações e da ‘aparente ausência do romantismo clássico’, o amor ainda existe, e precisa ser resgatado.

Questionado sobre onde foi parar o amor na música brasileira, o artista explica que, “na MPB, o amor vai ficando um pouco mais filosófico e intelectual”, mas cita os grandes cantores populares, como os grupos de pagode, Péricles e Thiaguinho, além do próprio sertanejo, que vira o espaço para cantar-se do amor e suas dores.

Estamos com muito medo de nos apaixonar, de ser vulnerável, então o amor romântico foi indo para esse lugar de se tornar algo mais ingênuo. Mas eu acho que a gente deveria resgatar esse lugar da ingenuidade para a gente poder seguir melhor nesses tempos.”

Durante a entrevista, Netto também comentou sobre as diferenças entre o amor romântico no Brasil e em outros países. Ele disse que, embora o Brasil seja conhecido por ser um país caloroso, existe certa reserva em expressar romantismo:

“Eu acho que a gente é um país de baixa autoestima, e isso interfere muito sobre você mostrar. Porque você se apaixonar é vulnerável, então parece que potencializa a tua vulnerabilidade quanto à autoestima.”

Dono de um show que celebra os grandes ícones da música romântica no Brasil, Paulo mantém acesa a influência que recebeu dos mestres já citados, e faz um apelo: “para que se resgate a coragem de falar de amor”.


Compartilhe:

Veja também: