O deputado Otoni de Paulo (MDB-RJ) teria conseguido do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a promessa de um acordo de não persecucão penal depois de um pedido de perdão feito pessoalmente.
Otini de Paula virou réu em um processo no STF por ter xingado o magistrado de “lixo”, “canalha”, “vergonha”, “esgoto” e “déspota” durante duas lives em 2020.
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Na época em que proferiu as ofensas a Moraes, Otoni de Paula era vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara.
No mês passado, o deputado entregou uma carta escrita à mão ao ministro com um pedido de perdão. Otoni inicia a carta dizendo que os xingamentos foram uma reação intempestiva a uma decisão de Moraes que determinou a quebra do seu sigilo bancário.
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Otoni disse a Moraes que se envergonha dos xingamentos
Na carta, obtida pelo jornal O Globo, o deputado diz que reagiu ao que lhe pareceu ser um ataque à sua honra.
“Soube da decisão de Vossa Excelência (da quebra de sigilo) através da imprensa”, diz um trecho da carta. “Naquele momento, vi minha honra como político, pastor e chefe de família sendo exposta à opinião pública, tão acostumada a associar tais decisões judiciais à corrupção ou algo parecido.”
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Em outro trecho da carta. Otoni de Paula diz estar envergonhado do seu comportamento e “suplica” que o ministro o ajude a não perder o mandato. É que uma eventual condenação poderia incluir a perda do mandato parlamentar.
“Tomei a decisão de abrir uma live pela minha rede social com o intuito de me defender e, justamente, nesse momento, tomado de forte emoção, acabei me excedendo e acabei me dirigindo a Vossa Excelência com um nível de desrespeito que me envergonho hoje”, afirmou.
Otoni deixou a liderança do governo depois da repercussão das lives
Depois da repercussão das lives, Otoni de Paula deixou o cargo de vice-líder. Na época, ao comentar sobre os xingamentos direcionados a Moraes, o deputado disse que tratava-se da sua opinião pessoal sobre o magistrado e pediu que suas palavras não fossem interpretadas como opinião ofical do Palácio do Planalto.
O deputado também criticou outra decisão de Moraes que proibiu o jornalista Oswaldo Eustáquio de utilizar redes sociais.
A Procuradoria-Geral da República denunciou o deputado por difamação, injúria e coação em julho de 2020. Em 2023, o STF aceitou a denúncia e Otoni virou réu. Moraes se declarou impedido de julgar o caso. Ainda não há previsão de data para o julgamento.


Moraes teria cedido aos apelos do deputado
O deputado Otoni de Paula disse ao jornal O Globo que durante a conversa, de cerca de 15 minutos, obteve de Moraes a promessa de um acordo de não persecução penal.
“Acredito que houve o encontro de dois seres humanos que entenderam que, quando se está debaixo de tensões, a gente pode cometer erros”, disse o deputado. “Eu tenho consciência que errei quando ataquei o ministro com adjetivos inapropriados.”