A Polícia Federal (PF) indiciou José Fernando de Moraes Chuy, corregedor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), por suspeita de tentar obstruir as investigações sobre a chamada “Abin paralela”.
Delegado de carreira da própria PF, Chuy chefiou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral durante a presidência do ministro Alexandre de Moraes, nos meses que antecederam as eleições de 2022. A apuração é do portal Metrópoles.
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De acordo com o inquérito recém-concluído, Chuy, que ainda ocupa cargo na Abin, teria atuado para descredibilizar a ex-corregedora Lidiane Souza dos Santos, que colabora com a PF e a Controladoria-Geral da União nas investigações sobre o uso ilegal da estrutura da agência durante o governo Jair Bolsonaro.


A PF afirma que Chuy “atuou para desacreditar a ex-corregedora e sua colaboração com os órgãos de investigação”. O corregedor teria tentado entregar um “documento apócrifo” com supostas acusações contra Lidiane.
O material foi levado ao então diretor de Inteligência Policial da Abin, Leandro Almada da Costa, e ao coordenador-geral de Contrainteligência, Rafael Caldeira, em uma reunião solicitada por Chuy, sob a justificativa de ser “coisa rápida, mas delicada” e “bem reservada”.
O relatório policial classifica a conduta de Chuy como uma “clara investida contra o curso da presente investigação”, com uso da estrutura da corregedoria para montar um dossiê com o objetivo de intimidar e desqualificar a ex-corregedora. Ele também teria trocado toda a equipe da unidade e reaberto processos antigos na tentativa de incriminar Lidiane.
Quer dizer que Moraes também tinha a sua “Abin paralela”? Quem diria? 🤐 pic.twitter.com/gaen89RfvF
— João Luiz Mauad (@mauad_joao) August 15, 2024
Entrada de Chuy na Abin teve irregularidades, segundo a PF
Nomeado corregedor da Abin mesmo sem experiência no sistema de correição federal, Chuy foi indicado ao cargo pelo atual diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa, diante do fim do mandato de Lidiane.
Segundo a PF, o processo de sucessão foi marcado por “intervenção” na unidade e pela tentativa de “asfixiar” o trabalho da ex-corregedora, que havia liderado investigações que resultaram em buscas, prisões e afastamentos de servidores da Abin.
Com base nas investigações, Chuy foi indiciado por três crimes: obstrução de investigação que envolve organização criminosa, prevaricação e coação no curso do processo.