Ditadura e senso de humor não combinam. A risada assusta a censura — é o que mostra um alerta das autoridades de uma província na costa da China. O governo local decidiu combater a “opressão” das mulheres contra os homens. Não é invenção da mídia imperialista, nem piada.
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Aconteceu em Zhejiang, no litoral leste do país. O governo da província emitiu um alerta para os humoristas no último domingo, 20. A advertência criticou piadas que poderiam ser entendidas como “ataque a todos os homens”, informa o site South China Morning Post.
Segundo a mensagem oficial, “o conteúdo gradualmente se desviou do humor e simplificou os tópicos de gênero, colocando homens e mulheres uns contra os outros”. Na mira da censura está a popularidade do tema em shows de stand-up nas redes sociais.
Melhor chorar do que rir
Em especial, uma humorista chamou a atenção: Fan Chunli, mulher de 50 anos, de uma pequena vila rural. Parte da temática é o divórcio que ela enfrentou com o ex-marido abusivo. O casamento se desfez em 2024, e a artista assumiu a guarda das duas filhas.
Na esteira do sucesso de Fan, mais mulheres passaram a fazer humor para falar dos costumes locais. O conteúdo varia. Na lista: a vergonha por menstruar, casamentos forçados, a preferência por filhos homens e a discriminação no trabalho. As postagens atingiram popularidade viral — e isso os censores acharam necessário combater. “Incita o antagonismo de gênero”, afirmam os censores.
Tecnologia da China
Maior que muitos países, Zhejiang abriga 65 milhões de habitantes. É quase o tamanho da população da França. O lugar é um famoso centro de tecnologia. Das empresas locais, um dos grandes destaques é a startup Unitree, especialista na produção de uma ferramenta muito apreciada pelo Partido Comunista da China: os robôs.