A guerrilha do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) começou a entregar parte de seu arsenal nesta sexta-feira, 11, em um ato simbólico no norte do Iraque. A iniciativa marca o início da dissolução do grupo revolucionário que combate o governo da Turquia há mais de 40 anos.
Durante a cerimônia, militantes queimaram fuzis AR-15 diante de uma plateia restrita. A entrega de armas ocorre dois meses depois do anúncio oficial do fim da luta armada pela independência do Curdistão.
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O movimento, considerado terrorista por Ancara e por aliados ocidentais, atua nas regiões montanhosas entre a Turquia, o Iraque e o Irã. Desde 1984, o PKK realizou ataques em solo turco com o objetivo de criar um Estado curdo independente — o que resultou em mais de 40 mil mortes.
O desarmamento teve apoio do partido pró-curdo turco DEM, que atua como intermediário entre os militantes e o governo. A mediação foi feita em nome de Abdullah Öcalan, fundador do PKK e preso desde 1999. Em fevereiro, ele conclamou os guerrilheiros a encerrar as hostilidades e buscar um acordo político.
Prevista inicialmente como evento público, a cerimônia foi limitada a convidados por razões de segurança. Entre os presentes estavam membros do DEM, representantes curdos e parlamentares que apoiam o diálogo com o governo turco.
Apesar do gesto, líderes do PKK denunciam que ataques aéreos da Turquia continuam em regiões onde combatentes estão concentrados. Eles cobram garantias do governo para cessar os bombardeios e evitar perseguições aos ex-membros da guerrilha.
Fundador do PKK defende solução política e “paz social”
Em vídeo divulgado na quarta-feira 9, Abdullah Öcalan defendeu o fim da luta armada. Além disso, ele rejeitou vincular o desarmamento à sua libertação da prisão na ilha de Imrali, próximo a Istambul.
“Eu acredito no poder da política e na paz social, não nas armas”, disse o fundador do PKK. “Peço que coloquem este princípio em prática.”
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Enquanto isso, líderes da guerrilha afirmam que a detenção prolongada de Öcalan atrasa o processo. Mustafa Karasu, dirigente do PKK, declarou que a situação do líder “afeta e desacelera” a transição pacífica.