O governo brasileiro deve definir a resposta ao tarifaço dos Estados Unidos sobre importações do Brasil nos próximos dias, com um plano de contingência elaborado por uma equipe coordenada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin.
O pacote de medidas será submetido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta semana, segundo adiantou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista à rádio CBN, nesta segunda-feira, 21.
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O ministro afirmou que o grupo de trabalho avalia alternativas que incluem a aplicação da Lei de Reciprocidade aprovada em abril, mas destacou que essa possibilidade só será considerada como último recurso.
“Nosso objetivo não é retaliar”, disse Haddad, acrescentando que o foco está em negociar com o governo dos Estados Unidos a revisão da sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros.
Haddad diz que retaliação não é prioridade
Entre as propostas em análise está a concessão de linhas de crédito para segmentos mais prejudicados, como o setor de pescados.
“Pode ser que nós tenhamos que recorrer a instrumentos de apoio aos setores que, injustamente, estão sendo afetados”, declarou Haddad.
O ministro ressaltou que a prioridade é buscar diálogo e evitar qualquer medida que represente retaliação direta a empresas ou cidadãos americanos.
Circulou, no fim de semana, a possibilidade de retaliação a interesses americanos, depois da decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de elevar a tarifa, com início em 1º de agosto.
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“Isso não está na ordem de consideração do Brasil”, disse Haddad. “Nós não podemos pagar na mesma moeda uma coisa que nós consideramos injusta.”
O ministro frisou que o objetivo brasileiro é demonstrar à Casa Branca os impactos negativos da medida para os próprios Estados Unidos, como o enfraquecimento de cadeias produtivas e o aumento do custo para consumidores americanos.
“Não vamos sair da mesa de negociação”, completou. Ele informou que os canais diplomáticos seguem ativos para tentar reverter a decisão.
Ministro culpa Bolsonaro por tarifaço
Sem citar as queixas do presidente norte-americano sobre abusos do Judiciário brasileiro e a perseguição política a opositores da esquerda, Haddad reforçou a narrativa do governo, que culpa o ex-presidente Jair Bolsonaro pelo tarifaço de Trump.
“Temos uma força política dentro do nosso país que está lutando contra os interesses nacionais”, disse o ministro em referência ao ex-presidente.
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O ministro atribuiu a decisão americana a fatores pessoais, já que, segundo ele, não há justificativas econômicas para a tarifa.
Haddad destacou ainda que a presença de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos desde março e seus contatos com autoridades americanas agravam o quadro.
“Essa é a nossa principal vulnerabilidade”, afirmou o ministro. “Se a gente não botar o dedo nessa ferida, vai ser mais difícil negociar.”