O ESPN.com.br foi atrás de José Jober, preparador de goleiros da base rubro-negra e responsável por receber Carlos Miguel, ainda garoto, para o último ano da categoria sub-17. O profissional lembrou o início da trajetória do hoje palmeirense na Gávea.

“Em 2016, eu trabalhei na categoria sub-17 do Flamengo. Ele veio por captação técnica de um observador. Na época o Carlos defendia o Boavista. Eu o acolhi, fiz uma avaliação com o grupo, treinou com a equipe, a gente fez a aprovação dele lá”, conta Jober, que rapidamente viu um talento naquele já grandalhão goleiro que atualmente tem 2,04 metros.

“Como o Carlos Miguel era muito alto, ele preenchia muito o gol, tinha muita facilidade na bola áerea. Bola no canto, alta, ele fazia uma movimentação e chegava nela. Facilita ter esse porte”, conta Jober, explicando que o trabalho era voltado para evoluir outras questões do goleiro.

“Ele precisava trabalhar a valência física, força, agilidade. Precisava aprimorar o refino técnico, como a gente fala no futebol”.

No entanto, apesar da aprovação, Carlos Miguel acabou saindo do clube no ano seguinte quando estava na categoria sub-20. Jober não era mais o seu treinador e portanto não participou do processo de desligamento do goleiro. Só que a forte concorrência pesava contra o goleiro que ainda estava atrás daqueles que viam de um processo longo de formação no clube.

“Carlos MIguel não tinha muita base ainda quando chegou ao Flamengo, foi um goleiro que veio um pouco tardio se comparado a outros meninos que começavam no sub-10, sub-11, vindo de uma equipe menor. Tinha muito potencial, mas precisava de mais oportunidade”, completou Jober.

Se Carlos Miguel estava aquém por não ter feito uma base no padrão de time grande, outros nomes que atuaram na Série A estavam desde cedo no Flamengo e eram tidos como grandes promessas. Era o caso de Hugo Souza, atualmente no Corinthians e um ano mais novo, Yago Darub, também mais novo e que foi titular da equipe campeã da Copinha de 2018. Outro ‘badalado’ era Gabriel Batista, goleiro da mesma idade de Carlos Miguel e que também chegou a ser titular da meta rubro-negra.

No seu primeiro ano de sub-20, Carlos Miguel tinha Thiago, dois anos mais velho e campeão da Copinha de 2016, como dono da posição. No ano seguinte, ele já estava como titular da meta rubro-negra. Essa forte concorrência na base rubro-negra fez Carlos Miguel deixar o clube. Apesar da pouca convivência, Jober lembra com carinho da perserverança de Carlos Miguel para vingar como profissional.

“A gente fica feliz que ele conseguiu chegar ao profissional. Foi contratado pelo Corinthians e a carreira andou. A gente teve uma avaliação e na base não tem muito tempo de treinar, dar atenção. Tive uma parcela pequena na carreira dele, mas fico muito feliz de ver um atleta vitorioso e que venceu na carreira. É um mérito de luta, sacrifício.. via muita vontade nele. Ele tinha um querer muito grande, muita disciplina, dedicação. Era um garoto de postura”, recorda Jober.

Depois de deixar o Flamengo, Carlos Miguel fez base no Internacional. A chegada ao Corinthians foi em 2021, com o goleiro sendo negociado com o Nottingham Forest, da Inglaterra, em 2024. Um ano depois, uma volta ao Brasil para o rival Palmeiras. Buscando novos ares, ele prontamente aceitou.

O que era para fechar a temporada como terceiro goleiro mudou para ser o titular. Carlos Miguel ultrapassou Marcelo Lomba como suplente e viu Weverton se lesionar. Assumiu a posição e não saiu mais do time. Agora, pouco mais de três meses depois de ser anunciado, o camisa 1 pode ser campeão da América.

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