Um dos maiores lutadores de todos os tempos se aposentou do UFC. Sem nenhuma pompa e com anúncio feito por Dana White após evento no Azerbaijão, Jon Jones pendurou as luvas.

Mas por que isso aconteceu?

A verdade é que a notícia só surpreendeu pelo timing. Todo mundo que acompanha o esporte já sabia que isto estava próximo de acontecer. E o próprio Jon Jones não escondia isso.

Com 37 anos de idade, ele ainda tinha muita lenha para queimar. Mas falta algo fundamental: um incentivo para isso.

Jon Jones é um dos maiores nomes na história do MMA. O maior na visão de muitos – inclusive na de Dana White. Virtualmente invicto (a única derrota foi por desclassificação) e dono de um cartel de mias 28 vitórias, ele é campeão do UFC simplesmente desde os 23 anos de idade. Neste tempo todo, só não esteve em posse do cinturão por motivos que extrapolavam os octógonos.

Por isso tudo, Jones nunca escondeu que só queria lutar contra adversários que tivesse o mesmo tamanho que ele. E convenhamos: quase ninguém chega perto!

Tom Aspinall nunca o empolgou. O inglês é uma grande promessa do UFC, mas não passa disso no momento. Jon Jones nunca escondeu que esse não era um risco que estava disposto a correr. Não valeria a pena ter a chance de perder para alguém que não acrescentasse nada em seu histórico – pelo contrário: só poderia diminuí-lo.

“Muito provavelmente não (vou lutar com Aspinall). Eu sinto que Tom Aspinall é – não quero dizer ninguém – mas ele ainda não se provou”, disse Jon Jones ainda em 2024.

A ideia era lutar só com quem tivesse tamanho para isso. E consequentemente esses seriam lutadores mais experientes, com idade e momento mais compatíveis ao de Jones. Nomes como Francis Ngannou e Alex Poatan eram os poucos que o motivavam. Só que Ngannou nem está mais no UFC e Poatan acabou perdendo sua última luta contra Ankalaev.

A única coisa que pode fazer lutadores nessa situação mudar de ideia é dinheiro. Mas Jon Jones também não está nessa situação.

“Eu não saio de casa para ganhar menos de US$ 100 mil. O dinheiro está caindo nas minhas mãos nesses últimos tempos. Apareço em uma festa por meia hora, US$ 100 mil. Autografo alguns itens, US$ 100 mil”, disse recentemente.

Ou seja: Jon Jones ficou sem nenhuma motivação para lutar e colocar seu legado em risco. Nas palavras dele mesmo, isso o fez “curtir a vida”.

Só que todo esse cenário também tem um outro lado: a aposentadoria pode não ser permanente.

“Não quero dizer que estou aposentado, porque lutar está em meu sangue. Mas, agora, não é a minha maior prioridade”, disse.

Quem sabe um novo desafio do tamanho de Ngannou ou Poatan o faça mudar de ideia.