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Kaique Lopreto, de São Paulo, e Yasmin Torres, de Teresópolis (RJ)
2 de set, 2025, 03:00
Palco da partida entre Brasil e Chile nesta quinta-feira (4), às 21h30 (de Brasília), o Maracanã volta a receber uma partida da seleção após quase dois anos, um hiato quase impensável para quem foi, por décadas, a “casa da Amarelinha”.
A história do Maracanã sempre foi ligada à seleção. Construído para a Copa do Mundo de 1950, o estádio do Rio de Janeiro recebeu, desde aquele fatídico Mundial, 109 partidas do Brasil, disparado onde a equipe pentacampeã mais atuou na história.
Contudo, de 1990 para cá, o campo mais famoso do país passou a ser deixado de lado. Foram apenas 13 partidas da seleção no Estádio Jornalista Mário Filho, curiosamente nenhuma delas na Copa do Mundo de 2014, realizada no país. Alemanha, Argentina, Espanha e França atuaram no Maracanã, mas não o Brasil, que viveu momentos marcantes nele.
Em 1993, o Brasil contou com a atmosfera do Maracanã e um endiabrado Romário para vencer o Uruguai e carimbar vaga na Copa de 1994. O estádio só voltou a ser usado quase cinco anos depois, quando a seleção se despediu para o Mundial de 1998 com derrota por 1 a 0 para a Argentina, mesmo tendo Ronaldo e Romário no ataque.
O Maraca retornou ao calendário da seleção em 2000, momento em que a CBF dividiu os primeiros jogos da equipe nas eliminatórias entre o estádio carioca e o Morumbi, em São Paulo. A partir daí, perdeu espaço para outros palcos até mesmo no exterior.
“Isso tem a ver com a mercantilização da seleção brasileira”, explica Celso Unzelte, comentarista da ESPN e historiador de futebol, em referência ao período de administração de Ricardo Teixeira, presidente da CBF de 1989 até 2012.
“Os amistosos foram vendidos para vários países do mundo em que o Brasil, inclusive, jogava contra países que não eram aqueles em que o jogo estava sendo realizado, principalmente na fase de Ricardo Teixeira”, completou Unzelte.
Neste cenário, chega a ser curioso que foi no Maracanã que a seleção comemorou seus títulos mais recentes. Foi nele que o Brasil fez 3 a 0 na Espanha para levantar a Copa das Confederações; que ganhou a primeira medalha de ouro olímpica em 2016, sobre a Alemanha; e também onde a seleção conquistou a Copa América de 2019, em final contra o Peru, no único título de Tite.
A última partida da pentacampeã mundial no Maraca foi em novembro de 2023. Ainda comandada por Fernando Diniz, a seleção foi derrotada por 1 a 0 pela a Argentina, em duelo que também ficou marcado por grande briga e confusão nas arquibancadas.
O Rio volta a ser palco agora contra o Chile, na última partida do Brasil em casa antes do Mundial de 2026. Mais um sinal de que a antiga casa, hoje, não passa de um lar temporário.