A discrepância no número de vítimas civis entre Israel e seus adversários voltou ao centro do debate público depois de uma pergunta feita pela jornalista Eliane Cantanhêde, da GloboNews, durante um noticiário da emissora.
A questão repercutiu nas redes sociais e motivou uma resposta direta do major Rafael Rozenszajn, primeiro porta-voz em língua portuguesa da história das Forças de Defesa de Israel (FDI), neste domingo, 22.
Durante o noticiário, Cantanhêde perguntou: “Por que os mísseis de Israel destroem Gaza, matam milhares e milhares de pessoas, e os mísseis que saem do Irã e caem, efetivamente caem em Israel, não matam ninguém?”, indagou. “Não consigo entender porque que nessa guerra o Irã atinge o alvo e não mata ninguém.”
A fala teve ampla repercussão e levou Rozenszajn a gravar um vídeo diretamente de Nes Tziona, cidade no centro de Israel atingida por um míssil iraniano na manhã de domingo, 22. “Vim aqui mostrar diretamente para vocês a crueldade do regime terrorista do Irã”, afirmou. “Vim também responder a uma pergunta que foi feita ontem por uma jornalista no Brasil.”
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Ataque atingiu área residencial no centro de Israel
De acordo com o porta-voz, o míssil que caiu sobre a cidade carregava aproximadamente 400 quilos de explosivos e atingiu uma área residencial que abriga um asilo para idosos. “Isso não foi um erro de cálculo, esse não é um alvo militar”, afirmou. “Esse míssil é teleguiado e seu alvo é preciso. Esse é o alvo planejado do regime iraniano: crianças, mulheres, idosos.”
Rozenszajn argumentou que a baixa letalidade dos ataques contra Israel se deve ao investimento em infraestrutura de proteção à população civil. “Nós nos preocupamos com nossos civis”, declarou.
“Enquanto nossos inimigos utilizam todos os recursos para aprimorar a máquina de destruição, movidos pelo ódio, nossa prioridade são nossos civis”, disse. Ele também destacou que Israel construiu e mantém sistemas de defesa aérea, bunkers e hospitais, ao passo que acusa seus adversários de deixarem os próprios civis desprotegidos.
Segundo o major, o Irã lançou mais de 500 mísseis balísticos em apenas uma semana, dos quais menos de 10% atingiram seus alvos. “Tenta imaginar se todos os mísseis alcançassem seus objetivos”, teorizou. “Agora imagina se o Irã tivesse 20 mil mísseis como esse que caiu aqui. Agora imagina se o Irã tivesse bombas nucleares.”
Ao encerrar seu vídeo, Rozenszajn citou a ex-primeira-ministra israelense Golda Meir: “Se deixarmos nossas armas, Israel é destruído no mesmo dia”, mencionou. “Se nossos inimigos largarem suas armas, terá finalmente paz aqui na região.”
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Diante da repercussão, Cantanhêde publicou dois esclarecimentos em sua conta na rede social X. No primeiro, ela escreveu: “Condeno o antissemitismo e não sou um monstro que ‘lamenta’ poucas mortes em qualquer guerra que seja”, posicionou-se.
Horas depois, complementou: “Depois de rever a gravação da pergunta que fiz na sexta-feira, reconheço que me expressei mal e dei margem a conclusões equivocadas, que não representam meu pensamento, pelo que peço desculpas”, disse.
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