Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Por que Palmeiras voa tanto na altitude e sobra em comparação com rivais brasileiros?

O Palmeiras enfrentará nesta quinta-feira (23) uma condição temida por muitos times brasileiros: a altitude. A cidade de Quito, no Equador, palco do confronto desta noite contra a LDU pela partida de ida das semifinais da CONMEBOL Libertadores, fica a 2.850 metros acima do nível do mar.

A última vez que o Alviverde visitou a LDU foi em 2009, quando perdeu por 3 a 2 na estreia na fase de grupos. Jogadores que estiveram naquela partida relataram à ESPN que sofreram com dificuldade para respirar e se adaptar ao tempo da bola, que fica mais rápida por conta da menor resistência do ar. Outros efeitos que podem ser sentidos são náuses, dores de cabeça e fadiga.

Depois de 16 anos daquele confronto, porém, o Palmeiras conta agora com uma estratégia de preparação para minimizar os efeitos e conseguir “voar” mesmo em jogos acima do nível do mar. Nesta temporada, o Alviverde conseguiu vencer o Bolívar por 3 a 2 mesmo na altitude de 3.650 metros em La Paz, capital da Bolívia.

Em entrevista à ESPN em abril, o coordenador científico do time paulista, Daniel Gonçalves, revelou como foi a preparação para o duelo e detalhou o protocolo adotado pelo clube, classificado como uma “quebra de paradigma” no futebol sul-americano.

A estratégia contrariou uma espécie de consenso adotado nos últimos anos de viajar para a partida poucas horas antes do apito inicial ou com uma semana de antecedência. O Palmeiras costuma viajar para chegar dois dias antes.

“São dois os aspectos que temos de levar em conta (sobre jogar na altitude). O primeiro é a hipóxia, que é promovida pela pressão atmosférica reduzida. Quando o atleta faz a inspiração para levar oxigênio aos tecidos, ele acaba encontrando menos oxigênio do que está habituado ao nível do mar, comprometendo a sua performance em cerca de 20% em fatores como corrida e resistência”, iniciou.

“O segundo é o ‘soroche’, o chamado Mal da Montanha. Ele começa a se manifestar 6 horas após a chegada à cidade e atinge o pico depois de 2 a 3 dias. Ele é promovido por uma desregulação na relação ácido-base e gera percepção de dor de cabeça, tontura, enjoo, náusea e fadiga. Nós conseguimos minimizar estas dificuldades por meio de medicação e hidratação, que é monitorada constantemente”, seguiu.

“Acreditamos que, quando o atleta identifica antes do jogo estas dificuldades inerentes à altitute, ele consegue se preparar para lidar melhor com elas. Por isso, sempre realizamos dois treinamentos na cidade, seja em La Paz ou em outras de menor altitude, para que os atletas consigam identificar a hiperventilação, que no meio esportivo nós chamamos de ‘abafar’. Conhecendo previamente esta sensação, ele entende quanto tempo demora para se recuperar e que essa é uma condição limitante, mas não incapacitante”, acrescentou.

“Outro aspecto positivo gerado por estes treinamentos na altitude está relacionado a questões de cinemática e dinâmica. Em uma altitude elevada, com pressão atmosférica reduzida e menor número de moléculas de ar, a trajetória da bola e dos próprios corpos dos atletas é modificada. Quando os atletas percebem essas mudanças, ficam mais preparados para a partida, tanto nos aspectos ofensivos, como trocas de passe e chutes a gol, quanto nos aspectos defensivos, como bolas longas e cruzadas”, completou.

Palmeiras ‘sobra’ na altitude em relação aos rivais

Um levantamento realizado pelo DataESPN mostra que o retrospecto recente do Palmeiras em jogos na altitude é muito superior ao de rivais brasileiros.

Desde 2020, o Alviverde fez seis partidas nessas condições, com cinco vitórias e uma derrota. O único revés aconteceu para o Bolívar, em 2023, por 3 a 1 – o técnico Abel Ferreira poupou os titulares por conta da final do Campeonato Paulista daquele ano e entrou em campo com um time alternativo.

O Palmeiras venceu o Bolívar, em 2020, por 2 a 1; o Independiente del Valle, em 2021, por 1 a 0; o Independiente Petrolero, em 2022, por 5 a 0; novamente o Del Valle, em 2024, por 3 a 2; e o Bolívar, neste ano, também por 3 a 2. O aproveitamento do Verdão foi de 83,3%, com 15 gols marcados e oito sofridos.

Apenas um time brasileiro jogou mais vezes que os paulistas na altitude neste recorte de tempo: o Flamengo. O Rubro-Negro fez sete partidas, com apenas uma vitória, além de dois empates e quatro derrotas – um aproveitamento de 23,8%, com seis gols anotados e 13 sofridos.

Veja, abaixo, o retrospecto de brasileiros na altitude (desde 2020):

  • Palmeiras (83,3% de aproveitamento em 6 jogos) – 5 vitórias e 1 derrota

  • Fluminense (50% de aproveitamento em 2 jogos) – 1 vitória e 1 derrota

  • Internacional (50% de aproveitamento em 2 jogos) – 1 vitória e 1 derrota

  • Santos (50% de aproveitamento em 2 jogos) – 1 vitória e 1 derrota

  • Grêmio (50% de aproveitamento em 2 jogos) – 1 vitória e 1 derrota

  • Athletico-PR (33,3% de aproveitamento em 3 jogos) – 1 vitórias e 2 derrotas

  • Atlético-MG (33,3% de aproveitamento em 2 jogos – 2 empates

  • Bahia (33,3% de aproveitamento em 1 jogo) – 1 empate

  • Flamengo (23,8% de aproveitamento em 7 jogos) – 1 vitória, 2 empates e 4 derrotas

  • Botafogo (11,1% de aproveitamento em 3 jogos) – 1 empate e 2 derrotas

  • América-MG (0% de aproveitamento de 1 jogo) – 1 derrota

  • Corinthians (0% de aproveitamento em 2 jogos – 2 derrotas

  • São Paulo (0% de aproveitamento em 3 jogos) – 3 derrotas

Compartilhe:

Veja também: