O governo federal fez mais uma ofensiva para tentar frear a inflação dos alimentos: convidou indústria, entidades representativas dos setores produtivos e ministérios para discutir soluções na noite de quinta-feira (27), em Brasília.
Algumas medidas práticas, como zerar a tarifa de importação de óleos vegetais, por exemplo, foram propostas. No entanto, para o economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, a responsabilidade pelo aumento dos produtos nos supermercados é dos gastos públicos desenfreados.
“A inflação dos alimentos está em 8,02%, mas a inflação para produzir, que é o IPP, o Índice de Preços ao Produtor, do IBGE, está em 9,48%. Então, o que acontece é que está aumentando para o consumidor, mas também está aumentando para produzir. Está aumentando para o produtor rural, para a indústria, para o transporte, basta ver o preço dos combustíveis, da energia elétrica, ou seja, quando tudo sobe, não tem como não estourar lá na ponta, e as coisas estão subindo porque o governo não para de gastar”, considera.
Segundo ele, reduzir a Tarifa Externa Comum (TEC) do trigo, por exemplo, medida aventada nas reuniões do governo, não significa diminuir o preço do pão porque os fatores que impactam o consumidor e o produtor não são conectados. “Reduzir a TEC é um instrumento legítimo que está ‘dentro do jogo’. Vai funcionar? Não”, afirma.
A respeito proposta de taxar as exportações do agro, estabelecendo um piso mínimo de 5% para a tributação da venda externa de alimentos in natura e semielaborados, do projeto de lei complementar 48/2025, apresentado pelo Psol no Congresso Nacional, da Luz diz ser absurda. “É declaração de guerra [com o agro]”, frisou.