Um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre) analisou a evolução dos preços dos produtos e serviços tradicionalmente escolhidos como presentes no Dia dos Pais.

A pesquisa utilizou como base a Sondagem do Consumidor para mapear os itens mais procurados para a data comemorativa, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor – Mercado (IPC-M) serviu para captar as variações de preços desses produtos.

+ Leia mais notícias de Economia na Oeste

Os resultados revelaram que a cesta de produtos do Dia dos Pais apresentou variação média acumulada de 2,08% em 12 meses, índice significativamente inferior aos 4,28% registrados pelo IPC-M geral no mesmo período.

Os dados mostraram que restaurantes apresentaram alta acumulada em 12 meses de 5,98% e foram o grande vilão da inflação do Dia dos Pais, o que causou impacto no orçamento das famílias que escolhem celebrar a data com refeições especiais fora de casa.

Demais itens da cesta também exerceram pressão nos preços: teatro (4,60%), o que reflete o aumento dos preços do setor de entretenimento cultural. Em seguida, temos óculos (3,65%) e computador e periféricos (2,02%) entre os principais aumentos registrados no período.

Leia mais:

Celular e cinema mais baratos no Dia dos Pais

No entanto, itens de entretenimento e tecnologia apresentaram quedas significativas: aparelho telefônico celular registrou queda de 2,52% acumulada em 12 meses, e os preços no cinema recuaram 1,53%.

“Os números mostram que apesar da cesta de produtos mais consumidos no Dia dos Pais ter ritmo de aceleração moderado em 12 meses, itens que normalmente são escolhidos na hora de presentear registraram alta acima da inflação geral, a exemplo das refeições em restaurantes, que subiram quase 6%”, explica Matheus Dias, economista do FGV IBRE.

Ele destaca que fatores inerciais e de custos desempenham papel importante na dinâmica de preços de alguns dos produtos consumidos no Dia dos Pais: “A alta dos restaurantes está relacionada a alguns fatores com participação relevante na dinâmica do setor: peso dos salários na estrutura de custos e rigidez na fixação de preços são os principais”, explica.

“Normalmente, esses fatores são reajustados com maior defasagem, explicando o comportamento divergente, no curto prazo, com a inflação recente de alimentos – que tem desacelerado no ano”, destaca o economista.

Dias conclui: “Embora este ano a cesta tenha apresentado os restaurantes como grande vilão, observamos uma tendência geral de preços mais estáveis para a maioria dos produtos do Dia dos Pais, com a inflação da cesta registrando elevação de 2,08%, ainda inferior à inflação geral”, observa.

“Esse cenário é mais favorável ao consumidor em comparação com 2022, quando a inflação do Dia dos Pais chegou a 4,53%, tendo alta em quase todos os grupos cobertos por esse levantamento”, encerra o economista.

Leia também: “O empresariado desembarca do governo Lula”, reportagem de Carlo Cauti publicada na Edição 221 da Revista Oeste