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Prefeito de Diadema compra drone para combater ‘pancadões’

A aquisição de um drone capaz de lançar bombas de gás lacrimogêneo, no valor de R$ 365 mil, pela prefeitura de Diadema, em São Paulo, chamou atenção da população e gerou debate entre vereadores da cidade. A prefeitura comprou o aparelho sem licitação.

A Guarda Civil Metropolitana (GCM) usará o equipamento no combate aos chamados “pancadões”, festas populares que costumam reunir multidões nas periferias.

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No site de Transparência da prefeitura consta que o drone adquirido da empresa Condor S/A Indústria Química pode carregar até 24 bombas de gás em voos de até 15 minutos.

Além do aparelho, foram compradas 48 bombas compatíveis. Segundo a administração municipal, a dispensa de licitação ocorreu porque a tecnologia só está disponível em uma empresa no Brasil.

Reações e críticas da oposição

Vereadores de oposição criticaram a medida, alegando falta de pesquisa de mercado e ausência de análise sobre as reais necessidades do município.

“Esse tipo de equipamento pode causar tumulto e corre-corre, semelhante ao que aconteceu em Paraisópolis, além de ser uma forma de criminalizar o lazer popular”, disse Patrícia Ferreira (PT), líder da oposição e ex-vice-prefeita, ao portal G1.

O episódio citado pela vereadora ocorreu em 2019, quando nove jovens morreram durante ação policial em um baile funk em Paraisópolis, após o uso de bombas de gás para dispersar a multidão.

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Pelo menos 13 policiais militares respondem na Justiça pelo caso, conhecido como “Massacre de Paraisópolis”.

“Nossa cidade é uma periférica, com inúmeras prioridades, com uma periferia enorme e que não pode se dar ao luxo de gastar tanto dinheiro com um equipamento que é, sobretudo, desumano e perigoso para conter esse tipo de multidão, formada por adolescentes e jovens que não estão ali praticando crimes”, disse a vereadora.

Prefeitura diz que drone faz parte do plano de segurança

De acordo com a prefeitura, o drone integra o programa “Diadema Segura”, voltado para a reestruturação da segurança pública.

O município afirma que “desde o início da atual gestão, a GCM tem intensificado suas ações com foco na inteligência, integração entre forças de segurança e uso de tecnologia”.

Em nota ao G1, a prefeitura ressaltou que o objetivo do equipamento é proporcionar visão aérea das aglomerações, facilitando a atuação planejada e segura, e destaca que o drone pode lançar armamentos não letais conforme a necessidade.

Leia também: “O coveiro do petismo”, artigo de Anderson Scardoelli publicado na Edição 277 da Revista Oeste

“É importante destacar que se trata de um equipamento não letal e voltado exclusivamente para uso estratégico em operações de segurança”, diz um trecho da nota.

Além do drone, o município anunciou medidas como a criação do Centro Integrado de Segurança Pública, retorno da ROMU, ampliação de rondas escolares, aquisição de novas motocicletas para a ROTAM, expansão do sistema de monitoramento por câmeras e contratação de cem novos guardas municipais, além de licitação para compra de outros armamentos não letais prevista para 2025.

Histórico de estratégias e impacto nas comunidades

Diadema já utilizou outros equipamentos para conter os pancadões. A gestão anterior adquiriu um caminhão que lançava jatos d’água, apelidado de “Tempestade”, mas o veículo foi desativado por falta de manutenção e deve ser leiloado como sucata.

Apesar dessas iniciativas, as festas cresceram após a pandemia, causando reclamações de moradores sobre barulho e aglomerações nas madrugadas.

Recentemente, a atuação da GCM tem provocado confrontos durante operações em bailes funks. A prefeitura também demoliu estabelecimentos como adegas, mercadinhos e barbearias que funcionavam nas regiões dos eventos, o que gerou protestos de comerciantes locais.

Prefeito lamentou críticas à compra do drone

O prefeito Taka Yamauchi (MDB) rebateu as críticas e lamentou que vereadores tenham se posicionado contra a política de segurança.

“Lamento profundamente que alguns vereadores estejam tentando politizar uma ação séria de segurança pública”, disse o prefeito ao G1. “O drone adquirido é uma ferramenta estratégica, com tecnologia não letal, usada exclusivamente para garantir a segurança da população e dos próprios agentes.”

O prefeito ressaltou qua a segurança é uma prioridade da sua gestão. “Seguiremos firmes, com responsabilidade, para garantir que nossa cidade seja um lugar cada vez mais seguro e digno para se viver”, completou.

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