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Presidente do Legislativo da Venezuela quer declarar Amorim persona non grata

Paralelamente à convocação para consultas, pelo governo de Nicolás Maduro, de seu embaixador no Brasil, o presidente do Legislativo venezuelano, Jorge Rodríguez, quer declarar Celso Amorim, assessor internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como persona non grata no país.

“Nos perguntamos: sua intenção foi ajudar, Sr. Amorim?”, questionou Rodríguez em um comunicado de quatro páginas dedicado ao assessor de Lula. “Nós respeitamos, em qualquer circunstância, as instituições de Estado da República Federativa do Brasil. Por qual resquício de seu passado no Palácio do Itamaraty o senhor considera que pode se intrometer no desempenho de uma nação independente? Está errado”, complementa.

O presidente da Assembleia Nacional venezuelana, que era o principal interlocutor do chavismo com o governo brasileiro, disse no texto que quando foi a Caracas para acompanhar o processo eleitoral, Celso Amorim parecia mais um agente de Jake Sullivan, Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, do que um enviado de Lula.

“Os fatos indicam que nossas suspeitas não estavam tão distantes: Amorim veio em nome do Sullivan para tentar prejudicar o normal desenvolvimento da eleição presidencial na Venezuela”, escreve Rodríguez.

Amorim se reuniu com Maduro no dia 29 de julho, um dia após as eleições presidenciais na Venezuela. O encontro durou cerca de uma hora. Amorim levou a Maduro o entendimento do Brasil de que era necessário mais transparência no processo e afirma ter saído com a promessa da publicação das atas eleitorais com os resultados desagregados por mesa de votação, o que nunca ocorreu.

O comunicado de Rodríguez acusa Amorim de mentir em sua exposição, nesta terça-feira (29), na Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Deputados do Brasil.

“[Amorim] afirmou que o Brasil é fiador dos Acordos de Barbados. Falso. Os facilitadores desse acordo foram: Noruega (que nunca facilitaram nada, é preciso dizer) e México (sempre solidário e respeitoso). Os acompanhantes foram os Governos da Rússia e do Reino dos Países Baixos. Jamais existiu a figura de “fiador” porque a Venezuela jamais aceitou, nem aceitará, representações que aludam a nenhum tipo de tutela nem de ‘garantia’”.

O texto também expressa que na reunião com Amorim, Maduro teve “paciência pedagógica para tentar explicar para quem já vinha com o mandado pronto e os ouvidos fechados” e explicou que, uma vez resolvido o suposto ataque cibernético contra o sistema eleitoral , “os resultados seriam divulgados pelo órgão eleitoral.”

“De fato, assim foi: o Conselho Nacional Eleitoral publicou os números enviados pelas máquinas eleitorais e o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela ratificou, sem sentença inapelável, a vontade absoluta do povo da Venezuela”, diz o texto. O anúncio dos resultados, no entanto, não foi corroborado com os comprovantes detalhados da votação.

Entre outras acusações, o comunicado ameaça: “ou nos respeita, ou faremos que nos respeite” e afirma que uma solicitação será enviada ao Legislativo para que declare Amorim persona non grata, sem se importar com supostos “compromissos” do assessor com “seus amos do norte”.

“Arraste para a história o lodo do seu nome associado a servir de instrumento da agressão de um império assassino contra o povo dos libertadores da América”, conclui Rodríguez, acusando Amorim de ter “avessos propósitos” que não darão certo. “E nós venceremos”, finaliza o líder chavista.

A CNN procurou a assessoria internacional da Presidência para comentar o comunicado e aguarda retorno.

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