Nos últimos meses, o São Paulo alinhou com o empresário grego Evangelos Marinakis, dono do Olympiacos e do Nottingham Forest, uma parceria envolvendo as categorias de base do clube. Muitas pessoas, porém, tem tratado o negócio como uma ‘venda de Cotia’. O presidente Julio Casares, porém, esclareceu o fato.
Em entrevista à reportagem da ESPN, o dirigente explicou que o modelo de negócio não torna o São Paulo uma SAF, mas aumenta a capacidade de captação de recursos do clube para investir na base e, posteriormente, para vender os jogadores. Além disso, o time profissional ainda terá mais jovens formados no clube à disposição.
“Ele vai receber 30% de um líquido. Hoje, temos jogadores que vêm para cá com 70% dos direitos do São Paulo. Se eu tivesse dinheiro, eu comprava os outros 30%. Isso eu não posso fazer. Conseguimos do Ferreira passar de 65 para 80. Do Ryan passar de 70 para 80. Imagine nós, capitalizados, além de fazer isso, podemos trazer mais jogadores que tenham vontade de jogar no São Paulo. Vamos ter dois efeitos: você vai ter formação mais rápida e maior em volume. E, quando fornecer ao profissional, uma baixa na folha. E com a possibilidade, pela juventude, de ser um grande ativo para venda. O investidor vai ganhar mais, e nós vamos ganhar mais”, disse.
“É algo inteligente. Eu vou deixar um legado esportivo. Vamos oferecer mais para a comissão técnica. O São Paulo hoje oferece? Oferece. Se tivéssemos 12 em atividade, vendendo apenas quatro ou cinco, eu poderia ficar por mais tempo com mais jogadores. É a longo prazo. E estratégico. Ele visa modernidade. Não estou vendendo patrimônio ou a base de maneira nenhuma. Isso para aqueles que querem tumultuar o processo. Ficamos quatro horas em reunião e passou por unanimidade tudo. Lá temos os independentes, que são pessoas ligadas ao mercado, gestão e de linha de propaganda. Todos nos deram o sinal verde. Vamos atender todos os grupos. Todos os conselheiros que queiram conhecer mais o projeto serão atendidos”, completou.
Casares ainda esclareceu que, apesar do acordo existente com Marinakis, o grego não será o único investidor possível dentro desse modelo de negócio, com uma carteira sendo aberta, tendo inclusive participação na bolsa de valores.
“Primeiro, a própria Galapagos já tem investidores da própria carteira. E isso vai ser aberto a torcedores comuns gradativamente. Se algum empresário da Alemanha, da Grécia, da Inglaterra quiser aportar nesse fundo, ele pode. Quem vai fazer toda a capitação dos investidores, é o fundo Galapagos. E esse é um grande avanço. Ao levar à bolsa de valores, estamos listando transparência e responsabilidade. Eu acredito que é inteligente, é de vanguarda e isso pode mudar”, explicou.
O mandatário são paulino ainda afirmou que isso não é um processo de transformação do clube em SAF, mas comparou o modelo com o que existe em outros clubes no Brasileirão, afirmando que o modelo de investimento do Tricolor paulista é inédito, mas afirmando que ainda não há prazo para assinatura do acordo.
“Se você pegar as SAFs que temos por aí, como Vasco, Botafogo, Cruzeiro, e colocar os valores com SAF com venda de patrimônio… esse acordo operacional não é uma venda. Hoje mudou um pouco. Falamos do Marinakis. Mas hoje temos um FIP, onde vai poder que venha um Marinakis com o tamanho do dinheiro dele em vista. E o José, da torcida, ele também vai poder fazer o investimento. Achamos que é mais inteligente ter um fundo e ter investidores, que podem ser desde donos de clubes a até nós torcedores de arquibancada. E isso com regulamento na bolsa de valores”, apontou.
“Isso é inédito. Não tem data para aprovação. Foi aprovado no conselho da administração por unanimidade. E eu vou fazer reuniões para esclarecer dúvidas. Não tem prazo final. Estamos com tranquilidade. Vamos levar o tempo necessário para esclarecer para todos. O que interessa é o teor do projeto. E o teor do projeto é muito positivo. A Galapagos, que é uma grande empresa, está coordenando isso com a gente. E vamos ter uma competitividade para oferecer mais jogadores dentro do futebol profissional”, acrescentou.
Casares ainda fez questão de negar que o processo esteja sendo postergado para 2026, quando ocorrerão as eleições presidenciais do clube, por um motivo político, explicando quea demora se dá por ser um processo técnico.
“Esse projeto é um projeto técnico. Por isso que fizemos com investidor. Se fosse com grande empresário do futebol, ele pode entrar depois como investidor. Quando você põe a parte técnica, estou levando o projeto para a bolsa de valores. Acabou! Tem regulamento, transparência. Se tem conselheiro que investe lá, é transparente e legítimo. Assim como o torcedor pode fazer”, finalizou.