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Primeiro-ministro da França anuncia corte do orçamento

O primeiro-ministro da França, François Bayrou, apresentou nesta terça-feira, 16, um duro programa de corte de gastos públicos, eliminando feriados e pedindo que os franceses trabalhem mais dias.

O primeiro-ministro francês, François Bayrou, e o presidente da França, Emmanuel Macron em Paris | Foto: Reuters - LUDOVIC MARIN/PoolO primeiro-ministro francês, François Bayrou, e o presidente da França, Emmanuel Macron em Paris | Foto: Reuters - LUDOVIC MARIN/Pool
O primeiro-ministro francês, François Bayrou, e o presidente da França, Emmanuel Macron em Paris | Foto: Reuters – LUDOVIC MARIN/Pool

Durante uma coletiva de imprensa de duas horas, anunciada como “um momento da verdade”, Bayrou propôs cortar 43,8 bilhões de euros (cerca de R$ 300 bilhões) com o objetivo de reduzir a dívida pública francesa que beira os 3,3 trilhões de euros e combater um déficit persistentemente alto.

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Além disso, o primeiro-ministro propôs cortar milhares de empregos no serviço público, eliminar 5 bilhões de euros (cerca de R$ 32 bilhões) em gastos com saúde e congelar salários de servidores públicos, bem como pagamentos de assistência social, incluindo pensões, que normalmente são ajustados anualmente pela inflação.  

Mas a ideia com maior probabilidade de desencadear fúria generalizada foi o apelo de Bayrou para eliminar dois dos 11 dias de feriados públicos da França.

Bayrou identificou a segunda-feira de Páscoa e o Dia da Vitória na Europa, celebrado no dia 8 de maio, como dois potenciais candidatos à redução.

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A proposta de Bayrou sobre feriados visa aumentar a produção econômica impedindo que os trabalhadores franceses aproveitem uma série de semanas curtas com emendas criadas por feriados que ocorrem em quase sucessão no final de abril, maio e início de junho.

“Como nação, precisamos trabalhar mais”, disse Bayrou durante a coletiva, pedindo mais dias de trabalho para os cidadãos franceses.

Embora Bayrou tenha tentado enquadrar a medida como um ato de sacrifício coletivo pelo bem maior, a eliminação dos dias de feriados provavelmente enfurecerá os eleitores franceses, que são profundamente apegados a uma rede segurança social muito generosa em comparação com outros países ocidentais.  

Governo da França se prepara a aumentar impostos

Embora o governo de Bayrou tenha prometido não aumentar impostos, o primeiro-ministro disse que o governo pediria uma “contribuição solidária” daqueles que ganham mais. 

As forças armadas da França serão uma das poucas áreas poupadas, com Bayrou confirmando que o orçamento de defesa aumentaria em 6,5 bilhões de euros no ano que vem.

Risco de queda do Executivo

Os legisladores franceses não debaterão as propostas até depois do final das férias de verão europeu, em setembro.

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Todavia, os planos de Bayrou parecem estar ameaçando a sobrevivência de seu governo, que não tem maioria no Parlamento francês. Atualmente, o Executivo se sustenta apenas graças ao apoio tácito do partido de direita Reagrupamento Nacional, que já se manifestou contra a proposta de cortes.

A líder do partido, Marine Le Pen, prometeu derrubar o governo, a menos que o primeiro-ministro recue.

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O presidente Reagrupamento Nacional, Jordan Bardella, definiu a eliminação do feriado de 8 de maio de “um ataque direto” à história francesa, enquanto a voz mais proeminente do partido de extrema direita em questões orçamentárias, Jean-Philippe Tanguy, disse que Bayrou estava efetivamente “mostrando o dedo do meio” à França.

Bayrou parece estar ciente que pode perder o cargo em breve. E declarou que o governo sabe que continua “à mercê da oposição” e pode não conseguir levar seu plano adiante.  

O presidente da França, Emmanuel Macron, corre então o risco de perder mais um primeiro-ministro no outono, em um impasse político que está tornando o país europeu cada vez mais ingovernável.

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