O ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia, em entrevista ao WW, analisou a atual situação política do governo Lula, apontando desafios significativos na relação com o Congresso Nacional.
Segundo Maia, o principal problema do governo não está relacionado às emendas parlamentares, mas sim à formação de sua maioria no Legislativo.
“O governo tem poucos deputados, elegeu poucos deputados e quer legislar como se maioria tivesse”, afirmou o ex-presidente da Câmara.
Ausência de coalizão
Maia destacou que o presidente Lula optou por não formar um governo de coalizão, uma decisão que, embora seja um direito democrático, traz consequências para a governabilidade.
“Um governo que tem 50 deputados precisa de no mínimo 257 e só entrega ministérios da periferia menos relevantes para os partidos do entorno”, explicou.
O ex-deputado comparou a situação atual com o governo de Michel Temer, que formou uma base de aproximadamente 350 deputados após o impeachment.
Maia argumentou que a falta de uma coalizão sólida pode gerar problemas ao longo de todo o mandato.
Orçamento e Parlamento
Sobre a questão orçamentária, Maia defendeu a manutenção do poder do Parlamento na alocação de recursos.
“O orçamento é do Congresso, é da Câmara, é do Congresso. O governo encaminha a política pública e se arbitra a alocação desse dinheiro no Parlamento”, explicou.
O ex-presidente da Câmara também sugeriu a adoção de um modelo de orçamento de médio prazo, similar ao utilizado na Suécia, que permitiria uma visão mais ampla do impacto das decisões financeiras ao longo do tempo.
Maia concluiu afirmando que o acordo desenhado recentemente entre o Executivo e o Legislativo não altera fundamentalmente o equilíbrio de forças entre os poderes, reiterando que o desafio central do governo Lula permanece na construção de uma base parlamentar mais robusta.