Os bioinsumos estão ganhando cada vez mais espaço no agronegócio brasileiro. Mais que uma tendência, representam uma estratégia para aumentar a produtividade, regenerar o solo e garantir resiliência frente às mudanças climáticas.
De acordo com Sheilla Albuquerque, especialista com 32 anos de experiência no agro e atuação exclusiva no segmento, essa transformação ainda está no início no Brasil, mas já apresenta resultados expressivos.
“Eu costumo dizer que é a natureza curando a natureza. Os bioinsumos exigem outro mindset e mudanças operacionais na fazenda, mas o retorno é visível e sustentável”, afirma.
Principais bioinsumos já utilizados no Brasil
Hoje, diversas soluções biológicas já estão consolidadas no manejo agrícola. Entre elas, destacam-se:
- Bradyrhizobium: inoculante essencial na cultura da soja, reduz a necessidade de nitrogênio químico.
- Fungos entomopatogênicos: usados no controle biológico de pragas como cigarrinha e mosca-branca.
- Consórcios microbianos: fortalecem a microbiota do solo, aumentando a disponibilidade de nutrientes.
Segundo Sheilla, essas tecnologias são especialmente eficazes quando aplicadas de forma estratégica, respeitando horários mais frios do dia e evitando misturas incompatíveis com defensivos químicos.
Desafios para adoção no manejo
Apesar da comprovada eficiência, a especialista ressalta que a maior barreira não é mais o custo, e sim a mudança de manejo.
Muitos produtores terceirizam a operação agrícola e precisam convencer suas equipes sobre os cuidados extras que os bioinsumos exigem.
Os principais ajustes incluem:
- Aplicação em horários adequados para preservar os microrganismos vivos.
- Evitar misturas com químicos incompatíveis.
- Treinar operadores para garantir eficácia.
Essa adaptação, embora desafiadora, é fundamental para que o produtor aproveite todo o potencial das soluções biológicas.
Benefícios comprovados no campo
Estudos e casos de uso mostram que áreas manejadas com bioinsumos apresentam:
- Aumento de 25% a 30% na produtividade em situações de estresse hídrico.
- Recuperação da vida no solo, com retorno de organismos como joaninhas e minhocas.
- Maior resiliência climática, garantindo colheitas mais estáveis.
A longo prazo, esses ganhos se traduzem não apenas em rentabilidade, mas também em segurança alimentar.
Bioinsumos e o futuro da agricultura
Com o avanço das mudanças climáticas, investir em soluções regenerativas deixa de ser opcional e passa a ser uma necessidade estratégica.
Os bioinsumos oferecem uma agricultura mais equilibrada, reduzindo a dependência de insumos químicos e favorecendo um manejo que protege o meio ambiente.
Para Sheilla, a transição exige conhecimento e comprometimento:
“O produtor precisa estar disposto a mudar sua operação e liderar pelo exemplo. É assim que se constrói um agro mais competitivo e sustentável.”