A conquista da Indicação Geográfica (IG) para o Beiju do Sapé do Norte, vem transformando a realidade de 33 comunidades quilombolas no Espírito Santo (ES).
“A produção de beiju é simplesmente artesanal, nós fazemos todo o processo, plantamos a mandioca, ralamos quando ela está madura, tiramos a goma, fazemos a fécula e aí vamos produzir o beiju”, conta Andréia Costa da Silva Carvalho, produtora rural, ressaltando que há vários sabores como coco e amendoim.
De acordo com Carvalho, a IG deu visibilidade e fortaleceu a comercialização. Antes restritos às feiras locais, os beijus hoje chegam a empórios e mercearias de outras regiões. Esse avanço, além de gerar renda, fortalece a resistência cultural quilombola.
“Nós conseguimos o selo da IG no ano passado. Estamos aí trazendo o nosso produto, mostrando a nossa resistência quanto quilombola, porque no nosso país, no geral, é muito difícil ser negro e principalmente ser quilombola, e nós estamos com o nosso produto que é uma subsistência, mas também é um produto de resistência”, afirma a produtora rural.
Outro impacto relevante é a permanência dos jovens no território. Muitos deixavam o campo em busca de estudo e renda, mas agora, com a valorização do produto, há um movimento de retorno.
“Conseguimos trazer de volta alguns jovens para a produção e isso nos dá esperança de manter viva a nossa cultura”, relata Carvalho, com orgulho.
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Sebrae como parceiro estratégico
O Sebrae/ES teve papel fundamental no processo de conquista da IG. Segundo a produtora, foi a instituição que orientou, mostrou caminhos e ainda segue apoiando os quilombolas. “Foi o principal carro-chefe e continua sendo nosso parceiro”, afirma Carvalho.
Com o apoio do Sebrae/ES, a Beiju do Sapé do Norte participou da RuralturES 2025, uma das maiores feiras de agroturismo do Espírito Santo. A 6ª edição do evento já tem data marcada: será realizada entre os dias 13 e 16 de agosto, no Distrito Turístico de Pindobas. E, apesar das conquistas, os desafios continuam.
“Produzir beiju é trabalhoso, pois exige dedicação artesanal e poucas pessoas estão dispostas a atuar nesse processo. Então, às vezes, empreender não é tão difícil quanto a produzir.”
Ainda assim, os quilombolas demonstram coragem e determinação, mantendo a tradição viva e encontrando no mercado uma oportunidade de crescimento coletivo.
Porteira Aberta Empreender
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