O espetáculo aconteceu em parceria com o Grupo Dia de Arte, que escolheu o monólogo ‘O que eu deveria ser se não fosse quem eu sou’. –
Arte, conhecimento e transformação social. Foi assim no último domingo (19), na Comunidade Terapêutica Rainha da Paz, localizada em Catanduvas, região rural de Carambeí.O espetáculo aconteceu em parceria com o Grupo Dia de Arte, que escolheu o monólogo ‘O que eu deveria ser se não fosse quem eu sou’. , redescoberta pessoal e fortalecimento da cidadania. A apresentação faz parte do projeto Cultura Viva Rainha da Paz, uma iniciativa cultural e educativa que une oficinas de arte e espetáculos teatrais com o objetivo de auxiliar na recuperação e reinserção social de dependentes químicos. O projeto foi aprovado pela Secretaria de Estado da Cultura do Governo do Paraná para receber recursos através da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), do Ministério da Cultura, Governo Federal.
O espetáculo aconteceu em parceria com o Grupo Dia de Arte, que escolheu o monólogo ‘O que eu deveria ser se não fosse quem eu sou’. A produção executiva é da ABC Projetos Culturais. Na peça, a atriz Michella França, diretora do Grupo Dia de Arte, interpreta uma mulher que viveu um relacionamento abusivo por 15 anos e que, em meio a tanto sofrimento, se redescobre e encontra forças para ser feliz de novo. O texto é baseado em relatos de vítimas da violência e tem o objetivo de informar e encorajar as mulheres a denunciarem os abusos sofridos. “Muitas mulheres pensam que a violência é apenas física, mas existem outros tipos de abusos que elas podem estar sofrendo sem perceber”, alerta, destacando que a peça pode ajudar as mulheres a identificarem essas violências mais sutis. “Infelizmente, é algo que acontece em todos os lugares e em todas as classes sociais. Acredito que todas as mulheres já viveram algum momento de violência, mesmo que seja verbal, física ou psicológica”, lamenta.
Michella lembra ainda que existe uma relação muito próxima entre drogas e violência. “A gente percebe que a maioria dos casos de violência física acontece, principalmente, quando os companheiros estão alcoolizados ou drogados. Então, a peça foi um meio de eles refletirem sobre o sofrimento que causaram e pode até servir de incentivo para quererem ainda mais sair desse caminho”, acredita. O espetáculo tem classificação indicativa de 16 anos, mas a programação também incluiu atividades para as crianças, como brincadeiras, contação de histórias e outras atividades organizadas por recreadores.
Ferramenta de redescoberta
De acordo com David Dias, diretor do Grupo Dia de Arte, o projeto Cultura Viva Rainha da Paz contribui tanto para o processo terapêutico quanto para a integração social dos participantes. “A gente sabe que as pessoas recorrem às drogas, muitas vezes, porque não estão conseguindo lidar bem com as próprias emoções e a arte tem essa capacidade de liberar emoções para que elas possam ser trabalhadas de outras formas. Fora da comunidade terapêutica, essas pessoas recorriam às drogas como válvula de escape e lá dentro a gente tenta dar outros elementos para que elas possam expressar tudo o que estão sentindo”, enfatiza.
Ele destaca que as oficinas de artes visuais, teatro e literatura que acontecem na instituição têm sido um processo de redescoberta para os acolhidos. “Eles se descobrem outras pessoas e percebem que também podem ser artistas. Muitas vezes, a gente acha que artista é só quem está na televisão, mas todo mundo pode se expressar através da arte. É um trabalho muito gratificante para eles e para nós também”, garante. Ele adianta que, no final do ano, vai ser realizada uma mostra com os materiais produzidos durante as oficinas. “Acho que vai ser um processo bem legal e vai ser muito bacana ver esse resultado final”, opina.
Cultura Viva Rainha da Paz
Com uma proposta multidisciplinar, o projeto Cultura Viva Rainha da Paz vem oferecendo oficinas gratuitas de artes visuais, artes cênicas e literatura desde junho. As ações também foram estendidas à Escola Limpo Grande (ensino fundamental I) e à Escola Darlene de Jesus (ensino fundamental II), ambas de zona rural, localizadas próximas à comunidade terapêutica. Nessas instituições de ensino, estão sendo ministradas atividades formativas sobre a história do teatro, destinadas a crianças e adolescentes, estimulando a curiosidade e o envolvimento cultural desde a infância.
Além das oficinas, o projeto prevê ainda apresentações teatrais gratuitas realizadas pelo Grupo Dia de Arte, durante eventos comunitários promovidos na própria comunidade terapêutica. As peças atendem a diferentes faixas etárias e abordam desde temas lúdicos até questões sociais sensíveis, promovendo a formação de novas plateias e o debate sobre temas relevantes. A próxima apresentação está marcada para o dia 16 de novembro e será exibida a peça “Querem acabar comigo”, que propõe uma denúncia poética contra o racismo e a exclusão de artistas negros.
Com informações de assessoria de imprensa