No primeiro final de semana de agosto teve início o “Projeto TibagiRupestre: patrimônio arqueológico da APA da Escarpa Devoniana em Tibagi (PR)”, iniciativa aprovada no Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (PROFICE)da Secretaria de Estado da Cultura e do Governo do Estado do Paraná.
Realizado pelo Grupo Universitário de Pesquisas Espeleológicas (GUPE), uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos de Ponta Grossa, o projeto tem como objetivo ampliar o conhecimento sobre os sítios arqueológicos da Área de Proteção Ambiental (APA) da Escarpa Devoniana no município de Tibagi. O recorte territorial do estudo inclui o Parque Estadual do Guartelá e foi por lá que a equipe de pesquisadores iniciou os levantamentos em busca de novos sítios arqueológicos com pinturas rupestres.
Canyon do Guartelá, primeira área prospectada pela equipe (Foto: Henrique Simão Pontes).
Foram três dias de trabalhos de campo e já na primeira expedição dois novos sítios arqueológicos foram identificados no parque.Para Alessandro Giulliano Chagas Silva, um dos pesquisadores do projeto, “achar dois novos sítios arqueológicosno Parque Estadual do Guartelá é uma emoção indescritível, ainda mais quando se situam muito próximo à um sítio conhecido e já cadastrado. Mas o mais importante é estar contribuindo com os estudos da arte rupestre dos Campos Gerais, isso não tem preço”, comenta.
Equipe de pesquisadores durante trabalho de busca por novos sítios arqueológicos (Foto: Angelo Eduardo Rocha).
Além dos dois novos achados, a equipe identificou novas pinturas rupestres em sítios arqueológicos conhecidos e estudados desde a década de 70. Para a descoberta de grafismos não identificados e catalogados, a equipe de pesquisadores está utilizando um aplicativo instalado no telefone celular que destaca as pinturas desbotadas pela ação do tempo. Para Laís Luana Massuqueto, pesquisadora e vice coordenadora do Projeto Tibagi Rupestre“é uma satisfação encontrar novas pinturas em sítios conhecidos e estudados há mais de 50 anos, as novas tecnologias possibilitam conhecer mais sobre esses registros deixados por povos originários, mostrando que ainda há muito o que se conhecer sobre a arqueologia paranaense”.
Investigação detalhada em afloramentos rochosos no Parque Estadual do Guartelá(Foto: Angelo Eduardo Rocha).
Para Angelo Eduardo Rocha, pesquisador e fotógrafo do Projeto Tibagi Rupestre, “ao caminhar e fotografar a paisagem do Parque Estadual do Guartelá é possível perceber o porquê existem imponentes sítios arqueológicos na região. Acredito que além de uma documentação científica, a fotografia de pinturas rupestres é uma ferramenta crucial para conservação. Nesse sentido, busco sempre fotografar as descobertas arqueológicas sem esquecer a beleza natural da paisagem regional”.
Nova pintura rupestre descoberta em sítio arqueológico catalogado desde a década de 70 (Foto: Henrique Simão Pontes).
OProjeto Tibagi Rupestre não se trata somente de identificar e estudar novos sítios arqueológicos,a iniciativa visa produzir materiais e ações voltadas para a divulgação científica e educação, conforme explica o coordenador do projeto, Henrique Simão Pontes, “claro que esperamos encontrar vários novos sítios arqueológicos, mas nós também vamos desenvolver uma série de ações de educação patrimonial que inclui a produção de um livro sobre a arqueologia da área estudada que será distribuído gratuitamente, oficinas de capacitação com professores, servidores públicos e guias e monitores de turismo e palestras para a comunidade”, complementa.
Canyon do Guartelá, primeira área prospectada pela equipe (Foto: Henrique Simão Pontes).
O Projeto Tibagi Rupestre terá duração de dois anos e conta com o apoio das empresas Continental e Copel, parceria com o Projeto ArqueotrekkingRoteiros Arqueológicos e produção da ABC Projetos Culturais.